Minas é o 3º estado com mais cidades onde a principal causa de mortes é o câncer

17 de Abril de 2018

O câncer é a principal causa de morte em 84 municípios mineiros, o que representa 10% das cidades em todo o Estado. O índice coloca Minas Gerais como o terceiro em que a doença faz mais vítimas no Brasil. É o que aponta pesquisa divulgada nesta segunda-feira (16) pelo Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Conforme o estudo, Montes Claros, na região Norte, lidera os óbitos no Estado, com 383 registros em 2015. A cidade mineira é a quarta no país com mais casos de mortes em decorrência da doença. A pesquisa alerta que a doença avança no território brasileiro ano após ano e, caso a trajetória seja mantida, em pouco mais de uma década as chamadas neoplasias serão responsáveis pela maioria dos óbitos em todo o país.

Segundo especialistas, neste primeiro momento não há como definir as causas dos registros, mas os avanços nos processos de diagnóstico e notificação podem justificar esses números. Somente numa segunda etapa da pesquisa será possível identificar os tipos de câncer mais comuns em cada cidade.

Dados
Dos 516 municípios brasileiros onde os tumores mais matam, 275 ficam no Sul, 140 no Sudeste, 48 no Nordeste, enquanto o Centro-Oeste tem 34 e o Norte 19.

Com base no Sistema de Informações de Mortalidade, a pesquisa identificou que a maioria dos óbitos por câncer ocorreu entre homens (57%). Seguindo a tendência, em 23 estados eles lideram o número absoluto de mortes. Em 21 municípios não houve registro de vítima do sexo feminino. Apenas no Ceará e no Mato Grosso do Sul elas foram maioria nos casos, enquanto em 62 cidades, as mortes registradas foram iguais para ambos os sexos.

Com relação a idade, metade dos óbitos se concentra nas faixas de 60 a 69 anos (25%) e de 70 a 79 anos (25%). Em seguida, a maior proporção aparece no grupo com mais de 80 anos (20%). Crianças e adolescentes de até 19 anos somaram 19% dos óbitos em 2015.

Risco
Na avaliação da presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), Merula Steagall, o estudo pode ajudar no planejamento das ações de controle, prevenção e tratamento da doença. "O aumento da mortalidade está relacionado, também, às dificuldades enfrentadas pelo paciente para o diagnóstico e para o acesso ao tratamento. Diversos tipos de câncer são preveníveis e outros têm seu risco de morte significativamente reduzido quando diagnosticado precocemente", destaca.

O secretário do CFM Hermann von Tiesenhausen acredita que a pesquisa revela um problema de saúde pública e deve estar na lista de prioridades dos gestores em 2018. “É preciso envidar todos os esforços para conter essa epidemia”, conclui.

Os dados também mostram que a maior parte das cidades onde o câncer já é a principal causa de morte está localizada em regiões mais desenvolvidas do país, justamente onde a expectativa de vida e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) são maiores.

“Dentre as hipóteses que justificam esses números estão o aumento da expectativa de vida e, consequente, mudanças genéticas decorrentes do envelhecimento da população; o comportamento não saudável de milhões de brasileiros, que ainda são adeptos do consumo do tabaco, não realizam atividades físicas, sofrem com os efeitos da obesidade ou se expõem ao sol de forma excessiva e sem proteção”, aponta Merula Steagall.

Números
O levantamento revela ainda que, em 2015, foram registradas 209.780 mortes por câncer no Brasil – um aumento de 90% em relação a 1998, quando foram registrados 110.799 óbitos pela doença. O crescimento das mortes por neoplasias durante o período, segundo o relatório, foi quase três vezes mais rápido que o crescimento dos óbitos provocados por infartos ou derrames.

No mundo, o câncer é responsável por 8,2 milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Aproximadamente 14 milhões de novos casos são registrados anualmente e o organismo internacional calcula que essas notificações devam subir até 70% nas próximas duas décadas.

Fonte: Hoje em Dia

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