Falta gasolina em metade
Responsáveis pela distribuição não informam motivo do desabastecimento
A pesquisa mostrou que faltou gasolina em algum momento e o fornecimento foi reduzido para 17,90% dos estabelecimentos. Outros 32,09% dos postos tiveram o fornecimento diminuído, embora não tenha ficado desabastecido. Mesmo depois do feriado, o problema ainda não foi resolvido.
O gerente do Posto Carmenia, localizado no bairro Betânia, região Oeste da capital, Idélcio Dallalba, conta que fez o pedido, mas não recebeu o produto até a tarde de ontem. "Normalmente, eu recebo o combustível pela manhã. No muito, até as 14h. Se não receber hoje (ontem), a gasolina vai acabar, pois estou sem estoque", reclama. Até o fechamento dessa edição, ele ainda não havia recebido o produto.
O gerente conta que há 15 dias convive com entregas reduzidas. "No geral, está sendo assim. Peço 15 mil litros, mas recebo apenas 5.000. Já cheguei a ficar sem gasolina por várias horas nos últimos dias".
Dallalba diz que procurou a distribuidora, que informou que a situação deve se normalizar hoje. "Eles disseram que os cortes para adequação irão acabar", salienta.
Outro posto, o Amazonas, no bairro Nova Suíça, também na região Oeste da capital, ainda convive com problemas no abastecimento, segundo a funcionária do estabelecimento, Margareth Matos. "Ainda estamos com dificuldades. Hoje (ontem), quase que o combustível não veio", diz.
De acordo com ela, há cerca de 10 dias, o fornecimento não está normal. "Se pedimos 10 mil litros, a distribuidora manda metade", observa. Ela conta que o estoque do posto está baixo.
O diretor-executivo do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, ressalta que quase todos os postos de bandeira BR pesquisados tiveram problemas para comprar gasolina, em especial, os localizados nas regiões Noroeste e Nordeste da capital. "São os locais onde o combustível é mais barato e a demanda é alta. A região Sul ficou mais imune", frisa.
Ele conta que não foram poucos os relatos de representantes dos postos que receberam menos combustível do que o solicitado. "Alguns chegavam a pedir 40 mil litros, mas puderam contar com bem menos, com 10 mil litros", diz. Ele ressalta que os problemas de abastecimento nos postos da distribuidora da Petrobras tem impacto em outras bandeiras. "Se falta gasolina no posto da BR, o consumidor vai em outro. E a demanda aumenta", observa.
Ele afirma que a situação, em especial, nas vésperas do feriado foi preocupante. E a perspectiva é de aumento da demanda, depois dos dias de folga. "Afinal, normalmente, o tanque volta vazio após o feriado", diz.
Para ele, o problema mostra que a BR Distribuidora está com dificuldades de fazer a entrega num cenário de demanda crescente. "A distribuidora não fala o que está acontecendo e só diz que está tudo normal", critica.
São Paulo.Os produtores de cana-de-açúcar estão preocupados com a demora do governo em bater o martelo na data para elevar o percentual de álcool anidro na gasolina de 20% para 25%, o que está sendo esperado para incentivar a produção, que caiu, agravada pela falta de competitividade do combustível frente à gasolina. O presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, Luiz Custódio Cotta Martins, anunciou que no próximo dia 23 o setor se reunirá em Brasília, para discutir a questão. "O mais provável é que o aumento comece a vigorar em junho, ou em maio do ano que vem, mas os fornecedores precisam saber para planejarem a produção", destacou.
O assunto foi discutido ontem na 12ª Conferência Datagro sobre Açúcar e Etanol, que reuniu representantes da cadeia mundial em São Paulo. "Apesar da crise toda dos últimos quatro anos e da perda de competitividade, a demanda mundial por etanol está em alta e a tendência é de que ultrapasse a oferta", afirmou o presidente da Datagro, Plinio Nastari.
Nos últimos dois anos, a produção do etanol no Brasil, que crescia a 8,4% ao ano até 2010, cresceu 5,3%. Já o consumo, continua em alta e vem crescendo na mesma faixa de 5% ao ano. Segundo Nastari, o cenário aponta para a necessidade de elevar os investimentos para recuperar a produtividade, que foi afetada por fatores climáticos, aumento de custos e por ma política de subsídio ao preço da gasolina, que acabou tornando o álcool menos vantajoso frente a gasolina, reduziu a demanda doméstica e desestimulou investimentos. (Queila Ariadne, enviada especial)
Fonte: O TEMPO