Minas fecha 22.231 postos formais e registra primeiro saldo negativo em seis anos
País tem pior setembro desde 2002 e estado lidera corte de vagas
O fim da safra de café em Minas Gerais, maior produtor nacional do grão, fechou 22.231 postos de trabalho com carteira assinada no estado em setembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O fluxo sazonal foi um dos principais responsáveis pelo saldo negativo de vagas formais registrado em Minas no último mês, quando foram fechados 1.180 postos de trabalho, pior resultado entre os 27 estados pesquisados pelo Caged (veja quadro). O saldo também é o pior desde setembro de 2006, ano em que quase 10 mil vagas foram extintas no estado.
O coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, reconhece que esse já é um comportamento esperado para o setor no mês de setembro. “Além do café, há outras culturas que começam a demitir, como a cana e a laranja”, afirma. Mas 95% das dispensas vêm mesmo do café, cultivado em montanhas e por isso com praticamente toda a colheita manual. “Não há como entrar maquinário, portanto esse cenário não vai mudar”, alerta Vilela.
Mas a agricultura não foi a única responsável pelo mau desempenho do mercado de trabalho mineiro. O setor de serviços, que vinha sustentando as contratações até então, também recuou. No mês passado registrou saldo de 6,4 mil vagas criadas em todo o estado, contra 10,7 mil no mesmo mês de 2011, queda de 40%. O volume também é o menor desde setembro de 2006.
Para o professor de economia do Ibmec, Felipe Leroy, o desempenho do setor de serviços reflete a baixa dinâmica da economia brasileira. “A estimativa de crescimento do país é muito baixa, de 1,6% no ano. O setor de serviços tem grande importância na economia e sente impactos diretos desse cenário”, observa.
Pior em 10 anos
A perda de ritmo nas contratações também é perceptível no Brasil, que registrou criação de 150.334 vagas formais em setembro, pior volume para o mês desde 2002. O setor de serviços, que em 2011 havia criado quase 91 mil vagas, registrou saldo de apenas 55,2 mil, 40% inferior. A agropecuária sentiu os efeitos da sazonalidade também no restante do país, com saldo de 19.014 vagas fechadas.
Foi da indústria de transformação que veio o maior número de oportunidades, com 66.191 vagas criadas em 11 dos 12 ramos que integram o setor. Em Minas Gerais, ele também se destacou, ao elevar em 33% as contratações frente a setembro do ano passado, passando de 3,1 mil oportunidades para as atuais 4,1 mil. Em todo o país, o comércio somou alta de 35.919 postos e a construção civil 10.175.
A expectativa do Ministério do Trabalho é de que o ano termine com saldo de 1,47 milhão de vagas criadas, contra estimativa anterior de 1,5 milhão a 1,7 milhão. No acumulado do ano até setembro, o resultado está positivo em 1,574 milhão de postos com carteira assinada, o que significa que ainda devem ser fechadas cerca de 100 mil vagas até dezembro.
Trabalho em debate
Os Diários Associados realizam em 7 de novembro, em Brasília, o seminário Novas Relações de Trabalho para o Brasil do Século 21. O evento será realizado entre 8h30 e as 18h no auditório do jornal Correio Braziliense, com capacidade para 120 pessoas, e contará com a participação de empresários da indústria, empresas prestadoras de serviços e representantes do governo.
A intenção é discutir uma nova regulamentação para contratação de prestadores de serviços, com vistas ao aumento da competitividade da indústria nacional a partir de investimento em inovação, melhoria da produtividade e geração de novos empregos.
A abertura do seminário será realizada pelo presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa. Por parte do setor produtivo, já estão confirmadas as presenças do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, e do presidente da Confederação Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady.
O presidente da CUT, Vagner Freitas de Moraes, representará os trabalhadores. Entre os palestrantes confirmados está o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Guilherme Caputo Bastos. O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcelo Neri, também estará presente. (PT)
Fonte: Estado de Minas