Como 75% dos brasileiros usam dinheiro de plástico, governo quer acelerar regulação do setor

18 de Outubro de 2012
por: Ana Carolina Dinardo e Priscilla Oliveira

Cartões serão enquadrados

 

Brasília – O governo está convencido de que precisa acelerar o projeto para mudanças mais profundas no mercado de cartões de crédito, sobretudo para estimular uma queda mais forte das taxas de juros, que ainda chegam a 600% ao ano. Ontem, em reunião entre técnicos do Ministério da Justiça e do Banco Central, o setor de dinheiro de plástico, que deve movimentar R$ 813 bilhões este ano, foi tema dominante.

A determinação da presidente Dilma Rousseff é de que a equipe econômica imponha regras claras para que os bancos e as administradoras de cartões deem mais transparência às taxas cobradas dos consumidores e aos encargos embutidos nas faturas. Na avaliação do Palácio do Planalto, ainda que o BC já tenha avançado muito ao conter os abusos do setor, há muita nebulosidade na relação entre as instituições financeiras e a clientela.

A ordem de Dilma para enquadrar os bancos e as administradores foi reforçada ontem, diante da pesquisa divulgada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O levantamento mostra que 75% da população brasileira têm algum tipo de cartões (débito, crédito ou de lojas). Trata-se de um expressivo processo de substituição do dinheiro como meio de pagamento no país. O uso de cédulas, por sua vez, caiu de 58% em 2011 para 52% neste ano.

“Não há mais como o governo se manter alheio ao mercado de cartões, que cresce de forma espantosa. Com certeza, vamos regular melhor do setor, dando maior transparência aos custos impostos aos consumidores. Isso vale tanto no que se refere às taxas de juros quanto aos encargos para uso e manutenção dos cartões, que não são poucos”, afirmou um técnico da equipe econômica. Ele lembrou que um dos pontos de maior debate dentro do governo é o parcelamento sem juros. Há bancos privados que querem restringir essa forma de pagamento. As instituições públicas preferem manter tudo como está.

É justamente o parcelamento sem juros que tem impulsionado o uso de meios eletrônicos no comércio. Os cartões de crédito e de débito já respondem por 58% do faturamento dos lojistas. No entender de Fernando Teles, diretor da Abecs e do Itaú, o parcelamento vai continuar, mas será preciso corrigir alguns exageros, como o prazo, que pode chegar a 18 meses.

 

Fonte:  Estado de Minas

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