Número de casais sem filhos aumentou em Minas
Filhos estão perdendo espaço na família brasileira. De acordo com o Censo 2010, mais de um quinto (20,2%) das famílias era formado por casais sem filhos, enquanto em 2000 esse percentual era de 14,9%. Minas, apesar de uma diferença mais pequena, apresentou também acréscimo no número de casais sem filhos (de 11% para 13,4% das famílias).
De acordo com a demógrafa Luciene Longo, o aumento está ligado tanto à opção por não ter herdeiros, mas também ao fato de casais estarem postergando a paternidade. “Há também influência de maior expectativa de vida, os filhos se casam e os pais continuam morando sozinhos”, comenta. O Censo também mostrou que 13,1% das famílias em Minas são formadas por mulheres sem marido e com filhos, enquanto o contrário, quando o marido vive sozinho com os filhos, representa apenas 1,9%.
O Censo mostrou um aumento das famílias sob responsabilidade das mulheres, que passou de 22,2% em 2000 para 37,3% em 2010. Uma novidade foi a investigação sobre a responsabilidade compartilhada entre o casal. Nos domicílios ocupados por apenas uma família, 34,5% estavam nessa condição, o que soma 15,8 milhões de casas.
De acordo com o técnico do IBGE Gilson Mattos, nas famílias secundárias, que convivem com a principal, foi verificado que 53,5% são chefiadas só por mulheres. “Provavelmente, por conta de um divórcio, uma filha volta para a casa dos pais ou a filha tem um filho, mas não contrai matrimônio, continua na casa dos pais.”
Outro dado divulgado foi o aumento na proporção de unidades domésticas unipessoais (com apenas um morador), que passaram de 9,2%, em 2001, para 12,1% em 2010. A coordenadora da pesquisa, Ana Lúcia Saboia, explica que, em muitos casos, são idosos cujos filhos já saíram de casa e perderam seus cônjuges.
Famílias reconstituídas
Pela primeira vez, o Censo 2010 incluiu no questionário aplicado a todos os domicílios a pergunta sobre a situação dos filhos nas famílias. Foi verificado se o filho é do casal, apenas do responsável ou apenas do cônjuge, além de outras configurações. A coordenadora da pesquisa, Ana Lúcia Sabóia, chama a atenção para essa nova classificação, chamada pelo IBGE de famílias reconstituídas, que somam em torno de 16% do total.
“Até então, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) e pelo Censo, o Brasil era um mar de tranquilidade, todo mundo era casal com filho, mas você não sabia filhos de quem eles eram. Esse perfil mudou um pouco, tem a ver com o senso comum, de que hoje está havendo mais divórcios, as pessoas se juntam em configurações que não são as tradicionais. Você ouve falar do casal: o meu filho, o seu filho e os nossos filhos”, explicou.
O Censo 2010 registrou 57 milhões de unidades domésticas. Desse total, quase 50 milhões eram habitadas por duas pessoas ou mais com parentesco. Mas a pesquisa mostrou que existem 4 milhões de unidades domésticas com famílias conviventes, proporção que subiu de 13,9%, em 2001, para 15,4%. Além disso, 91% dessas têm apenas dois núcleos familiares, mas 3,6 mil casas tinha cinco ou mais famílias.
Gilson Mattos ressalta que a maioria das famílias é do tipo mais tradicional. (FA e agências)