Brasileiro não está endividado, diz Abecs

18 de Outubro de 2012

São Paulo - O endividamento pelo crédito rotativo representa uma parcela muito pequena do crédito total dos brasileiros, não justificando, portanto, o destaque que recebe normalmente quando o assunto é inadimplência, segundo alguns representantes dessa indústria. Os especialistas dizem também que o brasileiro não está endividado.

Marcelo Noronha, conselheiro da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) e diretor executivo do Bradesco, destacou que o rotativo somava cerca de R$ 15 bilhões do crédito tomado no acumulado do ano até agosto, contra um total de R$ 934 bilhões da posição total de crédito, que inclui o pessoal e o financiamento de veículos, as maiores categorias.

Noronha mostrou ainda que o total de crédito tomado por meio de cartões com e sem a cobrança de juro estava em R$ 126,3 bilhões. Desse montante, R$ 89 bilhões correspondiam à categoria sem juro, sendo que em torno de R$ 36 bilhões representavam o parcelado no cartão.

Noronha ponderou esses números ainda com os dados sobre o comprometimento de renda das famílias e endividamento. Segundo ele, embora o endividamento tenha subido de 20,3% em julho de 2005 para 44,2% em julho deste ano em relação à renda das famílias, o comprometimento da renda teve alteração bem menor, saindo de 16,3% para 22,4% em 2012.

Isso é reflexo, segundo ele, do fato de a aceleração econômica ter feito com que mais pessoas adquirissem bens de maior valor, como imóveis e automóveis. Mas o comprometimento ainda é bastante saudável e indica que há espaço para a tomada de mais crédito, disse. Noronha disse ainda que mesmo no crédito parcelado sem juro nos cartões, o comprometimento de renda está em 23,4%, ainda inferior ao limite de 30% praticado na cessão de crédito.


Rotativo - O executivo do Bradesco observou também que a taxa de juro no crédito rotativo dos cartões é ainda elevado por conta dos volumes da inadimplência, que correspondem não a um excesso de endividamento, mas à inclusão financeira que trouxe novos e despreparados consumidores para o crédito.

Para Noronha e outros executivos que participaram de painel sobre os meios de pagamento e as relações com os consumidores no 7º Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamentos (Cmep), a conclusão é de que o brasileiro não está endividado.

O diretor da Abecs e do Itaú, Fernando Teles, acrescentou que as taxas de juro tenderão a cair, à medida que essa nova massa de consumidores passar a se educar financeiramente e aderir a alternativas de crédito mais baratas do que o rotativo do cartão de crédito.

Nesse sentido, os palestrantes voltaram ao tema do crediário no cartão como instrumento para distanciar os consumidores do rotativo. No crediário pelo cartão, o consumidor pode parcelar as compras em até 48 meses. Segundo Teles, atualmente o mercado está praticando taxas que vão de 0,89% a 5%, as quais ficam abaixo do crédito rotativo. A taxa do rotativo estava em setembro deste ano, em média, em 10,4%, de acordo com Noronha. (AE) 

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