Vende-se menos imóveis, mas fatura-se muito mais em BH
Crescimento no faturamento foi de 10% nos primeiros oito meses do ano
. Crescimento imobiliário em BH vinha forte, mas esbarrou na falta de terrenos e na mão de obra cara; oferta caiu e preço subiu
O número de imóveis vendidos em Belo Horizonte neste ano é menor que o de 2011, mas o valor arrecadado nessas vendas só cresce, provando que, quanto menor a oferta, maior o preço. De janeiro a agosto deste ano, foram registrados nos cartórios da capital 12.218 apartamentos, que geraram R$ 4,48 bilhões em negócios. Nos oito primeiros meses de 2011, os 13.642 apartamentos registrados foram vendidos por um total de R$ 4,07 bilhões. Alta de 10,03% de um ano para o outro no faturamento.
Os dados constam em uma pesquisa realizada pela Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG) e Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas da UFMG (Ipead), com base nas emissões do Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).
Por esses números, a matemática mostra que o valor médio de um apartamento, nos primeiros oito meses do ano passado, era de R$ 298,3 mil. Já em 2012, essa média saltou para R$ 366,6 mil: alta de 22,8% no preço médio, contra queda de 10,43% no total de unidades vendidas.
No último mês de agosto, segundo os registros do ITBI, foram comercializados em Belo Horizonte 1.681 apartamentos, com um faturamento de R$ 642,4 milhões. No mesmo mês de 2011, foram negociados 1.812 apartamentos que geraram R$ 605,1 milhões. O crescimento na receita foi de 6,5%.
Pela pesquisa, 72,79% das transações em Belo Horizonte foram relacionadas ao segmento apartamento, uma alta de cerca de 70% em relação ao mesmo período de 2011.
No ano passado, o valor médio de um apartamento na capital foi de R$ 308,8 mil, sendo que, de janeiro a agosto, a média era ainda menor: R$ 298,3 mil. Em agosto último, a média foi R$ 382,1 mil, superior à média dos oito primeiros meses do ano, o que deve empurrar os preços ainda mais para cima no resto de 2012.
A diferença ainda pode ser maior. "Muitas pessoas compram o apartamento e não fazem a transferência do imóvel em cartório no mesmo ano", explica o economista Ari Francisco de Araújo Júnior, professor do Ibmec. Para o especialista, dois fatores contribuem diretamente para a alta nos preços dos imóveis em Belo Horizonte: a maior procura, em função da ampliação das linhas de crédito pelo governo; e o reajuste nos preços dos insumos da construção civil, principalmente da mão de obra. "Os salários estão altos em função da dificuldade de se encontrar mão de obra especializada".
O presidente do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (Secovi-MG), Ariano Cavalcanti de Paula, atribui a alta nos preços dos apartamentos em Belo Horizonte "aos efeitos positivos dos incentivos fiscais". Segundo ele, a redução dos juros bancários e a ampliação das linhas de crédito pelo governo estariam contribuindo para o aquecimento do mercado.
"O maior acesso ao crédito vem permitindo ao consumidor comprar imóveis mais caros, o que acabou inflacionando os preços", disse. O presidente do Secovi-MG acredita que essa tendência no mercado seja mantida ainda para o próximo ano.
Os prazos também ajudam a aumentar a venda. "Atualmente, as linhas de crédito permitem um prazo maior de financiamento, de até 40 anos. As pessoas vão continuar comprando imóveis, e o mercado está atento para converter a demanda em um bom negócio", disse. (AA)
Fonte: O TEMPO