Rentabilidade dos bancos é a menor desde 1990

24 de Outubro de 2012

Balanço negativo ajudou a afundar a Bovespa ontem, que caiu 1,72%

 

SÃO PAULO. A rentabilidade dos dois maiores bancos privados do país, Itaú e Bradesco, atingiu o pior nível observado desde a década de 90 no terceiro trimestre deste ano, segundo análise da consultoria Economatica. A análise foi feita com base no índice de Rentabilidade sobre o Patrimônio (ROE), que é a capacidade que a empresa tem de gerar lucro e fazer novos investimentos e aquisições apenas com o patrimônio que já possui.

Segundo a Economatica, o ROE do Itaú no semestre passado ficou em 17,8% - porcentagem próxima aos 17,1% registrados no quarto trimestre de 1997. No caso do Bradesco, o índice atingiu 18,4% - nível próximo aos 16,2% observados no quarto trimestre de 1999. O cálculo do ROE feito pela Economatica leva em consideração o lucro acumulado e o patrimônio médio das empresas nos últimos quatro trimestres. A pressão do governo federal para os bancos reduzirem seus spreads (ganhos nas operações de crédito) é apontada como principal fator nessa queda na rentabilidade.

O Itaú Unibanco, maior banco privado do Brasil, divulgou ontem lucro líquido recorrente de R$ 3,41 bilhões no terceiro trimestre, valor 13% menor do que os R$ 3,94 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. Na relação com o segundo trimestre, o recuo foi menor, de 4,8% (R$ 3,58 bilhões).

A inadimplência para débitos com atraso acima de 90 dias ficou em 5,1% em setembro, acima dos 4,7% do terceiro trimestre de 2011 e leve redução, de 0,1% na relação com junho de 2012. As provisões (dinheiro que o banco tem de ter em caixa para se precaver de calotes de clientes) cresceram 19,7% no trimestre, na comparação com o terceiro trimestre de 2011. "Esse nível de provisionamento é atribuído, principalmente, à alta inadimplência verificada nas carteiras de veículos e ao aumento de volume das carteiras de crédito pessoal", informou o banco.

No balanço, o banco cita os efeitos da redução da margem financeira em decorrência dos cortes da taxa básica de juros, a Selic, entre outros fatores. A margem financeira da instituição recuou para R$ 12,82 milhões, ante os R$ 13,46 milhões registrados no segundo trimestre.

O Itaú Unibanco está próximo de ultrapassar a marca de R$ 1 trilhão em ativos, de acordo com o diretor Corporativo de Controladoria do banco, Rogério Calderón. "Devemos atingir esta marca nos próximos meses", disse.

O resultado do Itaú ajudou a derrubar a Bolsa de Valores de São Paulo Ontem. O principal índice da Bolsa paulista encerrou com declínio de 1,72%, aos 57.690,24 pontos - menor pontuação desde 5 de setembro. As ações PN do Itaú e da holding Itaúsa figuraram entre os destaques de queda do Ibovespa, com recuo de 3,17% e 3,20%, respectivamente

Bradesco. O Bradesco abriu a temporada de balanços dos bancos na segunda-feira e reportou um lucro praticamente estável, de R$ 2,89 bilhões no terceiro trimestre, com a expansão dos empréstimos e das receitas com serviços ofuscadas por provisões para crédito na comparação anual. O lucro do segundo maior banco privado do país cresceu cerca de 1% sobre um ano antes e também ante o segundo trimestre.

 
Pai e filho
Ex-donos do Cruzeiro do Sul são presos
Rio de janeiro. A Polícia Federal cumpriu mandado de prisão domiciliar contra Luis Felipe Indio da Costa, pai de Luis Octavio Indio da Costa, em sua residência na cidade do Rio de Janeiro na manhã de ontem. Ex-dono do Banco Cruzeiro do Sul, liquidado pelo Banco Central no mês passado devido a um rombo contábil de R$ 3,1 bilhões, Luis Felipe está sendo mantido em prisão domiciliar por ter mais de oitenta anos de idade.

Seu filho, Luis Octavio, foi preso na noite de anteontem. Ele é suspeito de crimes contra o sistema financeiro e contra o mercado de capitais, além de lavagem de dinheiro, segundo a PF. Caso seja indiciado pela polícia, o banqueiro pode pegar entre um e 12 anos de prisão se condenado.

Na noite de segunda-feira, após a divulgação da prisão de Luis Octavio, o advogado dele, Roberto Podval, disse que ainda não tinha tido acesso ao pedido de prisão de seu cliente. Segundo a PF, também foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro contra dois altos executivos do banco.

A Justiça não determinou a prisão dos administradores, mas fixou fianças de R$ 1 milhão e R$ 1,8 milhão e decidiu, como medida preventiva, proibi-los de viajar para o exterior e de exercer atividades no mercado financeiro.
Fonte: O TEMPO

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