Estudo da UFMG aponta terapia contra câncer
SÃO PAULO. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram uma forma de terapia gênica que "aprisiona" o cálcio do núcleo das células cancerosas, diminuindo a taxa de proliferação delas. A novidade é que quando essa técnica é associada à radioterapia, ela aumenta a eficácia do tratamento com radiação, permitindo o uso de apenas metade da dosagem normalmente necessária e diminuindo a reincidência da doença.
Essa pesquisa, ainda em fase pré-clínica (ou seja, antes do teste em doentes humanos), tem o potencial para promover tratamentos mais efetivos para os cânceres de cabeça e pescoço.
Em seus testes in vitro, os pesquisadores, liderados pela doutoranda a Lídia Andrade, inocularam com vírus modificados geneticamente culturas de um tipo de células tumorais de pele conhecidas pela tendência a desenvolverem resistência à radioterapia. Esse vetor viral carregava a receita de uma proteína que "aprisiona" o cálcio presente no interior do retículo nucleoplasmático. Essa organela se encontra no núcleo da célula e é responsável pelo armazenamento e liberação de cálcio. A identificação dessa função foi feita em 2003 pela coautora do estudo, Maria de Fátima Leite, em parceria com pesquisadores norte-americanos.
O cálcio age como um sinalizador no núcleo, principalmente promovendo a divisão celular. Com menos cálcio agindo, o crescimento tumoral é diminuído.
Causado pelo tabagismo crônico, consumo de álcool e até vírus HPV tipo 16, o câncer de cabeça e pescoço está em oitavo no ranking mundial dos cânceres que mais matam. Pelo fato de os homens fumarem e beberem mais e irem menos ao dentista, eles são os mais acometidos pela doença, que atinge as regiões do lábio, língua, glândulas salivares e céu da boca.
Fonte: O TEMPO