Inadimplência cresce na Capital
Dívidas que se encontram com atraso de mais de 90 dias subiu pelo 3º mês consecutivo
LISSON J. SILVA |
Aumentou o número de famílias com mais de 30% da renda comprometida |
A taxa de inadimplência - aquelas dívidas que se encontram com atraso de mais de 90 dias - subiu em outubro em Belo Horizonte pelo terceiro mês consecutivo, alcançando 6,1% dos consumidores, ante 5,7% de setembro e 5,5% de agosto. Já o nível de endividamento manteve-se estável na cidade: 70,2% das famílias, em outubro, tinham algum tipo de compromisso financeiro para quitar no futuro, enquanto em setembro o percentual era de 70,3%. Os dados são da Pesquisa de Endividamento do Consumidor (PEC) realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens e Serviços de Minas Gerais (Fecomércio Minas).
O crescimento da inadimplência, segundo Gabriel de Andrade Ivo, economista da Fecomércio, não é preocupante, já que levando-se em conta que ela se caracteriza por um atraso de três meses nas dívidas, fica claro que os compromissos não-quitados referem-se ao período das férias de julho, época em que as pessoas viajam e consomem mais.
"A inadimplência não é preocupante, ela está acomodada", garante. Entretanto, há um dado que deve ser acompanhado de perto pelas empresas para evitar futuras dores de cabeça: o aumento do número de famílias que está com mais de 30% da renda comprometida.
A maior parte (59,8%) dos entrevistados vai usar no máximo 30% de seus ganhos para quitar compromissos, índice considerado seguro, mas que ficou abaixo do apurado em setembro (64,3%), enquanto subiu de 35,7% para 40,2% o número de consumidores que vai destinar mais de 30% da renda familiar para os compromissos assumidos anteriormente.
" preciso monitorar este dado para saber se ele indica uma tendência, porque se for assim isto pode levar ao aumento da inadimplência", adverte o economista.
Cartão - O endividamento via cartão de crédito, depois de três meses consecutivos em ascensão, recuou um pouco em outubro, sendo responsável por 56,7% das dívidas dos consumidores, enquanto em setembro o percentual era de 59,5%. Ainda assim, em relação a outubro de 2011, houve aumento na utilização do chamado dinheiro de plástico, que no ano passado tinha participação de 47,7% nas dívidas dos belo-horizontinos.
Os carnês de lojas foram um das opções encontradas pelo consumidor para parcelar as compras. A participação deles nos compromissos financeiros das famílias foi de 6,9% no mês passado, ante 5% de setembro. Cresceu também o número de pessoas que recorre ao cheque especial. Em outubro este foi o recurso de 6,4% dos consumidores, contra 4,3% de setembro. Da mesma forma, os cartões de loja alcançaram a maior alta na participação do endividamento desde janeiro/fevereiro de 2012. Em outubro ele representou 6,2% frente a 3,3% de setembro.
Possivelmente para quitar dívidas com o cartão de crédito, os empréstimos em bancos subiram em outubro e passaram a representar 6,2% dos compromissos financeiros, contra 4,1% de setembro.
E após meses seguido em alta, os financiamentos de automóveis tiveram retração. Depois de atingir seu ápice em setembro, com 8,4% de participação nos compromissos financeiros, em outubro o índice caiu para 5,7%, voltando aos patamares de junho de 2012. Era uma retração prevista, já que o aumento nos financiamentos de carros acompanhou a alta nas vendas impulsionadas por incentivos como a desoneração do imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Fonte: Diário do Comércio