Supermercado começa a oferecer serviço de saque nos caixas da rede
16 de Novembro de 2012
por: Marinella Castro
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Para João Lúcio de Freitas, alternativa é bem-vinda, mas limite deveria ser mais alto e passar dos R$ 100 |
Os serviços bancários brasileiros estão crescendo por todo o varejo, utilizando os canais de vendas em massa para atingir os consumidores. Depois de os grandes magazines terem aderido à parcerias com bancos e financeiras, oferecendo cartões por meio dos quais o consumidor pode não só pagar dívidas, mas contrair empréstimos, os supermercados começam a oferecer uma série de serviços bancários, que vão do pagamento de contas ao recém-inaugurado saque. Com a saída dos caixas eletrônicos das redes, a ideia é que o consumidor possa retirar até R$ 100, depois de fazer suas compras.
Em Belo Horizonte o grupo Super Nosso está testando em suas 14 lojas de Belo Horizonte uma parceria com a operadora Cielo. A previsão é de que a partir de dezembro ao realizar compras acima de R$ 20 os consumidores possam sacar até R$ 100 no cartão de débito. A medida deve beneficiar inicialmente mais de 4 mil clientes por dia. “Se a iniciativa for bem aceita, o limite do saque pode crescer para até R$ 500”, adianta o diretor de operações do grupo, Wenilton Fialho. Segundo ele o fluxo de usuários do serviço também pode ganhar corpo. A estimativa inicial é de que pelo menos 10% utilizem os saques ao fazer compras. “O objetivo é trazer mais comodidade. A grande concorrência do mercado se dá na prestação de serviços e no bom atendimento”, justifica.
Além de criar serviços como isca para fidelizar clientes, a estratégia pode significar mais lucro para as empresas. “Os bancos usam a estrutura das lojas para vender seus produtos, mas o varejo também não assume riscos sem um retorno. Seja com a cobrança de taxas pela operação ou mesmo com o benefício de juros menores para financiamentos, as redes se beneficiam com a parceria”, avalia Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).
Consumidor assíduo nos supermercados, nos quais faz compras e usa os serviços ofertados, o economista João Lúcio de Freitas considera a oportunidade de saques direto no caixa das redes interessante, mas considera que o limite dos valores deveria ser mais alto. “Mesmo que isso implicasse a cobrança de algum adicional.” Ele critica a retirada dos caixas eletrônicos do comércio e diz que os equipamentos vão fazer falta. “É um absurdo que em um país onde pagamos 34% em média de impostos não se tenha segurança.”
ALERTA Analista do mercado financeiro e professor de finanças, Paulo Vieira chama atenção para dois pontos. A segurança que deve vir agregada aos serviços e os custos. “O consumidor deve ficar atento e sempre procurar se informar sobre quanto custa a comodidade”, alerta.
Wenilton Fialho diz que os saques funcionarão como uma operação comum realizada no cartão de débito, sem custos adicionais. “A operação também não vai provocar filas, já que é uma transação rápida, como se fosse um troco.”
Na última década os supermercados se transformaram em padarias, restaurantes, lanchonetes, floriculturas, agregando também serviços de drogarias, pet shops, aluguel de carros, vendas de passagens. A saída dos caixas eletrônicos abriu espaço para a introdução dos saques no caixa das redes. “Somos pioneiros nesse serviço e a demanda surgiu a partir da sugestão dos próprios clientes”, conta Wenilton Fialho. “O conceito one stop shop se tornou forte especialmente nas grandes cidades. Nesse ambiente, lojas que não agregam novos serviços tendem a desaparecer”, avalia o professor de marketing da PUC Minas Marco Antonio Machado.
Sobre as parcerias com as redes de varejo para realização de saques com o cartão bancário de débito, a operadora de meios de pagamento eletrônico Redecard informou que utiliza o sistema, mas ele é mantido em escala controlada para melhor análise das percepções dos usuários. A reportagem procurou a operadora Cielo, mas nenhum porta-voz foi encontrado para comentar o tema.
Fonte: Agência Brasil