Pesquisa sobre mobilidade urbana esbarra no medo dos belo-horizontinos
Síndicos e porteiros de prédios e condomínios da Região Centro-Sul impedem trabalho de entrevistadores que levantam origem e destino de quem mora em BH e região metropolitana
O medo da violência e a falta de consciência cidadã em bairros da Região Centro-Sul de Belo Horizonte e condomínios de luxo da Grande BH estão dificultando as entrevistas que o estado precisa fazer para desenvolver a Pesquisa de Origem e Destino. Porteiros e síndicos desses locais não deixam os responsáveis pelo estudo nem ao menos conversar com moradores sorteados para responder sobre seus hábitos de circulação, transporte para o trabalho, escola e lazer. O levantamento é importante para traçar as necessidades dos cidadãos das 34 cidades que formam a Região Metropolitana de BH, ajudando a planejar melhores alternativas, orientando investimentos e a busca por soluções.
De acordo com a coordenação da pesquisa, encomendada pela Secretaria de Estado Extraordinária de Gestão Metropolitana de Minas Gerais, moradores das demais regiões permitiram o acesso dos entrevistadores desde agosto e a pesquisa está programada para ser concluída no dia 30 deste mês. “Já estamos quase consolidando as informações das outras áreas. Mas na Região Centro-Sul, em Nova Lima e Lagoa Santa (Grande BH) não conseguimos concluir nem 50% do que precisamos”, disse a gerente de campo Letícia Augusta Faria de Oliveira. Segundo ela, quando um morador é selecionado, ele recebe uma carta com um número único, ao qual apenas o pesquisador tem acesso. Além disso, os funcionários usam coletes amarelos do governo do estado e crachás identificando a pesquisa. “Os porteiros não deixam nem interfonar para o morador. Quando procuramos uma pessoa três vezes e não a encontramos, a orientação é tocar na casa de um vizinho, pois teríamos como apurar uma condição socioeconômica parecida. Mas se não temos o nome da pessoa, os porteiros não deixam o pesquisador procurar outro morador”, afirma Oliveira.
Problemas como esse já afetaram outros pesquisadores, como agentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG. Na tentativa de se fazerem conhecidos e de divulgar a pesquisa, membros da equipe vestindo o colete amarelo de pesquisa têm ido a praças e avenidas movimentadas para distribuir panfletos informativos.
Pessoas não sorteadas podem colaborar com esse banco de dados público e responder as questões pela internet, site www.metropolitana.mg.gov.br, link “Quero responder o questionário”. Alguns postos móveis serão espalhados por vias da Grande BH para que pesquisadores abordem pessoas nas ruas. Caso queira levar um formulário impresso e responder em casa, o entrevistado pode colher um exemplar nos postos móveis e depois entregar nos Correios. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e o governo federal apoiam a iniciativa.
Fonte: Estado de Minas