Uso de crack é maior em BH

26 de Junho de 2012
por: Daniel Leite

Belo Horizonte é a capital do Sudeste com o maior percentual de estudantes de escolas públicas, com 19 anos ou mais, que experimentaram crack ao menos uma vez: 5,2% dos alunos. Entre as capitais da região Sudeste, o Rio de Janeiro é a que mais se aproxima do índice mineiro - 2,4% dos alunos da rede pública nessa idade já usaram a droga ao menos uma vez.

Os dados são do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que fez o levantamento nas 27 capitais do país, ouvindo 50.890 alunos, de 900 escolas, entre públicas e privadas. Em Belo Horizonte, foram ouvidos 1.427 estudantes das redes de ensino público e particular. O índice de belo-horizontinos com 19 anos ou mais que estudam na rede privada e assumiram ter feito uso de crack foi considerado insuficiente para análise.

Já na rede particular, na faixa etária de 13 a 15 anos, entre as capitais do Sudeste, Belo Horizonte lidera no índice de alunos que já usou crack ao menos uma vez: 0,4%. Em São Paulo, 0,1% dos entrevistados da rede privada declarou ter experimentado crack. Em Vitória, o índice é nulo. No Rio de Janeiro, foi considerado insuficiente.

Discussões. As promessas de colocar em prática as ações de combate ao crack no Estado serão repetidas em mais um encontro entre o governo mineiro e o Ministério da Saúde. Nos próximos dias 28 e 29, estão previstas reuniões entre os dois órgãos a fim de dar andamento à adesão de Minas ao Plano de Enfrentamento ao Uso do Crack e outras drogas, emperrada há mais de seis meses.

As duas esferas não se entendem. O governo estadual afirma estar esperando a liberação de recursos para desenvolver os trabalhos. Já, de acordo com o governo federal, o processo de integração mineira ao projeto está "em andamento".

O governo do Estado informou que não sabe quanto vai investir, no total, em ações de enfrentamento ao crack neste ano. "A previsão de investimento (...) é de R$ 30 milhões, inicialmente, já que o valor final depende do pleito de R$ 200 milhões feito ao governo federal", afirmou a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), em nota. O dinheiro, segundo a Seds, será usado na ampliação dos atendimentos a usuários de crack.

"A Subsecretaria de Políticas Sobre Drogas (...) espera que este encontro (desta semana, entre governos mineiro e federal) seja um dos últimos acertos antes da liberação dos recursos para Minas", conclui a nota. O Ministério da Saúde não deu detalhes sobre a adesão de Minas ao programa.

 

Mobilização
"Os governos caminham a reboque"
A exemplo da passeata feita no último sábado, em Belo Horizonte - que atraiu cerca de 5 mil pessoas -, as mobilizações populares, independentemente das ações governamentais, têm sido a aposta de muitas entidades para o enfrentamento do problema ligado ao uso de drogas.

"O início do combate só é possível com a mobilização da sociedade. Os governos caminham a reboque", resumiu Maurílio Pedrosa, gestor do Instituto Minas pela Paz, sobre a ineficiência das ações do Poder Público. Durante três meses de 2011, o instituto realizou a campanha "Crack Destrói", de conscientização sobre o problema, com ações para informar sobre os males da droga.

Apesar da participação de Tribunal de Justiça mineiro e Conselho Estadual de Políticas Sobre Drogas na campanha, Pedrosa considera a adesão governamental pequena. "O Estado precisa se aproximar mais da sociedade". (DL)
Alunos homens de BH utilizam tanta droga como os cariocas

De acordo com a pesquisa, a comunidade pública escolar de Belo Horizonte também lidera outra preocupante estatística de envolvimento com o crack. Entre as quatro capitais da região Sudeste, a cidade aparece no topo da tabela que avaliou o uso da droga pelos alunos homens de escolas públicas.

Independentemente de idade, o percentual de estudantes públicos que já experimentou a droga ao menos uma vez é maior que em São Paulo e Vitória, e praticamente semelhante ao verificado no Rio de Janeiro. O índice na capital mineira e fluminense é de 1,2% e 1,3%, respectivamente. Em Vitória, o resultado apurado foi de 0,6%, e, em São Paulo, 0,1%.

Para o presidente do Conselho Estadual Antidrogas, Aloisio Andrade, os governos locais não podem se limitar ao que é proposto pela União. "O Estado e os municípios precisam fazer sua parte". (DL)

 

Fonte: O TEMPO

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