BC vê condições monetárias estáveis e sugere manutenção da Selic

06 de Dezembro de 2012
por: Célia Froufe e Eduardo Cucolo

Na ata do Copom, autoridade traçou este cenário para justificar a manutenção da taxa básica do juros em 7,25% ao ano, após dez cortes seguidos

 

BRASÍLIA - A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada pelo Banco Central, repetiu o comunicado que se seguiu à decisão de manter a Selic em 7,25% ao ano na reunião dos dias 27 e 28 de novembro. Anteriormente, o juro havia sido reduzido dez veses seguidas.

 

De acordo com o documento, os diretores entendem que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear. A avaliação foi feita levando-se em consideração o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a "complexidade" do ambiente internacional.

A ata ressaltou o ritmo de atividade doméstica mais intenso neste semestre e no próximo ano e os riscos limitados de descompasso, em segmentos específicos, entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda.

No parágrafo 25 do documento, os diretores destacaram, porém, a "estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho". A avaliação foi feita apesar dos sinais de moderação nesse mercado e há a ponderação de que, nessas circunstâncias, há um risco "significativo" de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação.

A ata contrapõe a análise observando que o nível de utilização da capacidade instalada se encontra abaixo da tendência de longo prazo. "Ou seja, está contribuindo para a abertura do hiato do produto e para conter pressões de preços", comentaram os diretores. Além disso, eles ressaltaram que as perspectivas para os próximos semestres apontam moderação na dinâmica dos preços de certos ativos reais e financeiros. "Na visão do Comitê, evidências como a acomodação dos preços no atacado indicam arrefecimento de pressões, sobre os preços ao consumidor, decorrentes da instabilidade dos preços de produtos in natura e de grãos observadas há alguns meses."

No parágrafo 29, a ata traz a avaliação de que a demanda doméstica tende a se apresentar robusta, especialmente o consumo das famílias. Isso deve ocorrer, em grande parte, devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão moderada do crédito, segundo o documento. "Esse ambiente tende a prevalecer neste e nos próximos semestres, quando a demanda doméstica será impactada pelos efeitos das ações de política recentemente implementadas, que, de resto, são defasados e cumulativos", trouxe a ata.

Inflação na meta

A ata avalia que o cenário prospectivo para a inflação apresenta "sinais favoráveis". No parágrafo 26 do documento, o colegiado reafirmou sua visão de que a inflação acumulada em doze meses tende a se deslocar na direção da trajetória de metas. Mais uma vez, ressaltou que esse caminho deve ocorrer, ainda que de forma "não linear".

Este trecho foi o que antecedeu a informação de que o Copom optou por manter a Selic em 7,25% ao ano na última reunião realizada nos dias 27 e 28 de novembro. A decisão foi tomada de forma unânime por seus membros: o presidente Alexandre Tombini e os diretores Aldo Mendes, Altamir Lopes, Anthero Meirelles, Carlos Hamilton Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

Investimentos

O Comitê citou ainda as "boas perspectivas" para o investimento neste e nos próximos semestres criadas em um ambiente de programas de concessão de serviços públicos e a gradual recuperação da confiança dos empresários. "Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito parafiscal e no mercado de ativos são partes importantes do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas."

 

Fonte: Estadão

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