Crédito aumenta e atinge marca de 50,1% do PIB em maio, informa BC

26 de Junho de 2012
por: Mônica Izaguirre e Murilo Rodrigues Alves

BRASÍLIA – O ritmo de expansão do crédito no Brasil acelerou-se ligeiramente em maio, apesar de ainda se manter moderado, segundo a nota de crédito divulgadanesta terça-feira pelo Banco Central. O saldo dos empréstimos e financiamentos do sistema financeiro aumentou 1,7%, fechando o mês em R$ 2,136 trilhões. Em abril, o crescimento foi de 1,3% (dado revisado).

Mesmo moderada, a variação registrada em maio contribuiu para fazer com que, pela primeira vez, o estoque de crédito ultrapassasse a marca de metade do Produto Interno Bruto (PIB), chegando a 50,1% do PIB. No fim de abril, a proporção era de 49,6% (dado revisado).

O fraco desempenho do PIB certamente ajudou a elevar esse indicador. Medido em 12 meses até maio, o crescimento foi de 18,3%, praticamente a mesma taxa verificada no período encerrado em abril.

A taxa de crescimento do estoque de crédito oriundo de recursos de livre aplicação pelos bancos foi de 1,6% em maio – puxada principalmente pelos empréstimos a empresas. O crédito direcionado, concedido com recursos de aplicação obrigatória, também registrou expansão (1,8%) muito próxima à média (1,7%). Este último tem sido muito influenciado pelos financiamentos habitacionais.

Com isso, o saldo do crédito livre atingiu R$ 1,369 trilhão e o do direcionado R$ 766,9 bilhões.

O Banco Central manteve a estimativa de crescimento do estoque total de crédito em 15% neste ano (ante 19% em 2011), mas mudou um pouco a composição da projeção. O saldo do crédito com recursos livres dos bancos deverá aumentar 13% e não 12%. As operações com recursos direcionados, por sua vez, vão aumentar 20% e não 21%, como estava na projeção anterior.

A expansão projetada para a carteira dos bancos públicos subiu de 19% para 21%. A projeção de crescimento das operações dos bancos privados de controle nacional caiu de 12% para 10% e a dos bancos de controle estrangeiro ficou em 13%.

Novas concessões

A média diária de concessões apurada pelo BC indica que houve queda da oferta de crédito novo em maio, pelo menos no que diz respeito aos recursos de livre aplicação pelos bancos.

Segundo os números publicados, foram concedidos, em média, R$ 9,562 bilhões por dia útil em maio, volume 1,5% inferior ao do mês anterior. Em abril, havia sido registrada expansão de 6% sobre a média de março.

A queda ocorrida no mês passado foi puxada pelas operações com empresas, cuja média caiu 4,1%, ante expansão de 8,1% em abril sobre março. As concessões a famílias, que em abril tinham aumentado 4,6%, desaceleraram para alta de 0,2% em maio.

Carteira dos bancos

A carteira de empréstimos e financiamentos dos bancos públicos aumentou 2,5% em maio. A taxa de expansão foi superior ao dobro da registrada pelos privados. O saldo das operações do sistema financeiro privado subiu 1% no caso dos bancos de controle nacional e 0,9% no caso dos de controle estrangeiro, informou o Banco Central.

Os números indicam que a campanha iniciada em meados de abril pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil, por orientação do Ministério da Fazenda, está surtindo efeito. O ministério queria mesmo um incremento no crédito, para estimular consumo e ajudar na recuperação no atualmente fraco nível da atividade econômica do país. As duas instituições estatais baixaram juros e investiram em forte campanha publicitária para conquistar novos clientes e ampliar suas operações de crédito.

A ampliação de apenas 1% na carteira dos bancos privados, por sua vez, sugere que, mesmo baixando juros, eles não atenderam a expectativa do governo de que o crédito apresentaria aceleração também entre instituições privadas.

Em meio à campanha por queda do custo do crédito, os dados do BC mostram que, se de um lado houve redução das taxas médias de juros de empréstimos dos bancos para o menor nível desde 2000, na outra ponta a inadimplência bateu recorde de alta em maio.

 

Fonte: Valor Econômico

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