Lojistas ainda procuram funcionários para as vendas do Natal

12 de Dezembro de 2012
por: Carolina Mansur

Até o fim da semana lojistas ainda selecionam funcionários para reforçar o atendimento e aumentar as vendas natalinas

 

 

Ana Luiza Mendonça diz que ainda há 100 vagas abertas na rede Super Nosso: alternativa é formação interna ( Mario Martins/Esp.EM/D.A Press)  
Ana Luiza Mendonça diz que ainda há 100 vagas abertas na rede Super Nosso: alternativa é formação interna
 
Milhares de pessoas nas ruas, lojas e shoppings lotados, dificuldade para estacionar e filas para experimentar e pagar. De agora até o Natal, estas serão situações recorrentes para quem ainda precisa ir às compras. Para não perder clientes e garantir as vendas, os lojistas vêm contratando funcionários desde outubro, mas ainda enxergam na escassez de mão de obra qualificada um problema que coloca em xeque o atendimento no período. Resultado do mau momento vivido pelo varejo é que mesmo faltando poucos dias para o Natal, em boa parte das lojas e supermercados de Belo Horizonte, ainda há vagas. Segundo pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH), neste ano a contratação de temporários deverá superar em até 7% a do ano passado e empregar de 8 mil a 9 mil pessoas.


Segundo a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, embora o varejo venha absorvendo mão de obra ao longo de 2012, a qualificação ainda é apontada como o principal problema dos contratantes. Mesmo diante da dificuldade em encontrar e da certeza de que em datas como essas não é possível suprir toda a demanda do varejo, ela garante que a perspectiva ainda é positiva. “As contratações devem ocorrer até o fim desta semana, conforme o movimento vá aumentando”, afirma. Mas ela alerta que os empresários que não conseguirem preencher os seus quadros poderão ser sofrer com a perda de clientes, diante de problemas para o atendimento.

Uma das soluções, segundo o economista da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio/MG), Gabriel de Andrade Ivo, é reduzir as exigências e optar pela mão de obra que sai do indústria ou de universitários, que buscam uma ocupação nas férias. “A indústria não está tão bem, há demissões e esse pessoal acaba sendo absorvido pelo comércio e treinado, mas o público universitário também é uma saída porque tem perfil jovem, está estudando e tem mais ciência”, avalia. Ainda de acordo com ele, o empresário precisa abrir o leque de opções para não perder as vendas. “O universitário é uma boa opção e pode ser buscado nas universidades, por exemplo. Nesta época, o movimento é alto e ter um cliente ocioso dentro da loja não é interessante”, considera.

De olho na demanda dos clientes, no crescimento das vendas e no fluxo de pessoas, a rede de supermercados Super Nosso abriu 400 vagas, mas desse total 100 ainda estão abertas. São procurados embaladores, auxiliares de operações, repositores, atendentes de padaria, de frios e açougue, cozinheiros, garçons e atendentes de caixa. Segundo a gerente de RH, Ana Luiza Mendonça, as vagas só não foram preenchidas em sua totalidade por conta do afunilamento do mercado. “A taxa de desemprego está baixa e o candidato que tem empregabilidade está recolocado”, afirma.

CAPACITAÇÃO Para driblar a má fase vivida nas contratações, a gerente de RH afirma que a alternativa tem sido apostar em formação técnica interna, por meio da qual os funcionários são preparados para assumir postos mais específicos, que demandam conhecimento especializado como nas funções de pizzaiolo, padeiro, confeito e sushiman. Outra novidade é o direcionamento de parte das vagas para pessoas com mais de 60 anos, em boas condições físicas. “A força de trabalho dessa turma ainda é muito positiva e enxergamos na melhor idade uma saída para a dificuldade de contratar para o Natal.” A boa notícia, segundo Ana Luiza, é que pelo menos 90% dos temporários podem ser efetivados.

 Depois de alguns meses em busca de temporários, o proprietário da Total Calçados, Rafael Rocha, conseguiu completar, com sete novos funcionários, o quadro para as festas de fim de ano. Para conseguir passar pelo período com tranquilidade, ele conta que não exigiu experiência dos candidatos. “Gostamos de formar os colaboradores em casa. Também não descartamos quem tem experiência. O que atentamos é para a boa comunicação, o interesse em aprender e o bom atendimento ao cliente”, afirma. Mas o empresário lembra que o varejo tem sido impactado pelo despreparo, falta de interesse e grande quantidade de vagas no setor, além daqueles que estão recebendo seguro-desemprego e preferem não trabalhar. “Com a grande quantidade de vagas no setor e a dificuldade de encontrar pessoas preparadas e interessadas, muitas empresas vão passar dezembro treinando os funcionários ou com vagas para preencher”, lembra.

Melhor fixos que temporários

A dificuldade em encontrar pessoal preparado e interessado em trabalhar tem sido frequente não apenas na véspera do Natal, segundo a proprietária do estacionamento Royal Park, Cíntia Alvarenga, que tem cinco vagas abertas. “Realmente falta mão de obra no mercado e tem sido difícil encontrar pessoal interessado em trabalhar e comprometido”, reclama. Ela conta que nesta época de fim de ano, principalmente, parte dos funcionários pede demissão para poder tirar férias e não prioriza a estabilidade no trabalho. Por isso, ela não faz contratação temporária. “Já tive casos de funcionários que deixaram o trabalho para atuar como informal no Natal e receber o seguro-desemprego para ter duas receitas. Então opto pela contratação convencional, que curiosamente ocorre no fim do ano”, conta.

Cíntia Alvarenga garante que o problema é recorrente entre outros setores e que para contratar tem recorrido ao “boca a boca” para conseguir contratar, mas afirma que, caso não consiga, vê o seu negócio sendo prejudicado na data que deveria ser a melhor para o comércio. “A falta de mão de obra e o não preenchimento do quadro podem trazer prejuízos porque o que ganharíamos a mais nessa época será gasto em hora extra com o pessoal que já está aqui”, afirma.

Quem também reclama do momento vivido pelo varejo é a assessora da Associação dos Lojistas do Minas Shopping, Cleonice Campos. Ela conta que se o cenário fosse diferente e se houvesse mão de obra qualificada, o mall teria condições de contratar 400 novos funcionários entre fixos e temporários. “Temos muitas vagas para fixos, assim como para temporários. Mas, diante da dificuldade, o recurso do lojista tem sido usar a criatividade para ter um bom atendimento”, diz. Entre as alternativas, está o treinamento de funcionários que migram para novas posições e em decorações que chamem a atenção do cliente.

A perda de funcionários do comércio para outros setores é, para o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindlojas BH), Nadin Donato, a principal justificativa para o problema. Para ele, no entanto, o reflexo da falta de empregados nas lojas não será sentido na qualidade do atendimento e sim no tempo de atendimento. “A qualidade, apesar de ser complexa a cada setor, ainda conseguimos oferecer, mas podemos encontrar dificuldade para atender no tempo que o cliente quer.” (CM)

 

Fonte: Estado de Minas

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