Inadimplência volta a cair
Em expansão desde agosto, o índice de inadimplência do consumidor voltou a recuar em novembro na capital mineira. No mês passado, a taxa atingiu os 5,5%, retração de 0,6 ponto percentual, na comparação com os 6,1% de outubro. Os números integram a Pesquisa de Endividamento do Consumidor (PEC) de Belo Horizonte divulgada ontem pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas).
Ao recuperar o acesso ao crédito e motivado pela proximidade das festas de fim de ano, o consumidor vai às compras e, com isso, contrai novos débitos. Assim, o endividamento atingiu 71,5%, aumento frente a 70,2% registrados em outubro. Trata-se do percentual mais elevado desde janeiro deste ano, quando a taxa, impulsionada pelo alto volume de despesas típicas de início do ano, ficou em 74,7%.
Segundo o economista da Fecomércio Minas, Gabriel de Andrade Ivo, a redução na quantidade de inadimplentes está relacionada ao fato de que após o recebimento da primeira parcela do 13º salário, as famílias finalmente conseguem quitar as pendências acumuladas em julho, época na qual os gastos, sobretudo com viagens e atividades de lazer, tendem a ser maiores, em decorrência das férias escolares. No entanto, ele alerta que, em março, o indicador deve voltar a crescer. A previsão é que ele varie entre 6% e 6,5%.
Os números divulgados ontem podem representar um alento para o varejo, receoso em relação a um Natal menos rentável, devido aos picos de endividamento e inadimplência atingidos durante o ano. "Vale lembrar que, em Belo Horizonte, a inadimplência é normalmente inferior à média nacional divulgada pelo Banco Central. Portanto, por aqui, a taxa não deve exercer um impacto tão negativo sobre a data mais aguardada pelo comércio. As ruas e lojas já estão cheias e a tendência é que o movimento se intensifique após o dia 20, com o pagamento do restante do 13º salário", analisa.
Outra boa notícia para os empresários é a queda no índice de contas em atraso. Em novembro, ele ficou em 27,1%, menor patamar desde 2007, quando o dado começou a ser estimado. Sobre outubro, a variação negativa é de 8,7 pontos percentuais. Entre os entrevistados que ainda não conseguiram colocar as contas em dia, a maioria (37,3%) planeja quitar as pendências em até 30 dias, enquanto 25,3% optam por um prazo entre 30 e 60 dias.
O cartão de crédito se mantém como o principal compromisso financeiro, com 54,4% das respostas. Embora o índice se mantenha elevado, é observado recuo desde setembro, quando ele atingia os 59,5%. Para o economista da Fecomércio Minas, o número demonstra que a população está mais consciente, buscando controlar melhor o orçamento, ao optar por linhas de financiamento com juros menores, ao parcelar as compras. Impulsionado pela redução na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o financiamento de carro foi o segundo principal compromisso (8,4%).
Os dados comprovam a afirmação do especialista. De acordo com o estudo, a maior parte dos entrevistados (44,6%) planeja priorizar o pagamento da fatura do "dinheiro de plástico". Em seguida, com 22,2%, está o cheque especial. Também foram mencionados o carnê de loja (16,7%) e o cartão de loja (11,1%).
Risco - Os atuais compromissos financeiros absorvem, em média, de 10% a 30% da renda familiar, de 48,6% dos entrevistados, indicador abaixo dos 50,5% apurados na pesquisa anterior. No total, 57,1% estão com a renda comprometida em, no máximo, 30%, patamar considerado ainda dentro da margem de segurança do endividamento. Foi observado crescimento do indicador que aponta risco para a saúde financeira do consumidor. Isso porque, 42,9%, estão com a remuneração comprometida em mais de 30%, percentual superior aos 40,2% de outubro.
Gabriel Ivo já vislumbra um cenário positivo para o comércio em 2013. Ele acredita que a economia deverá crescer, o que contribui para reforçar a confiança do consumidor. (NA)