Euforia do Natal não salva o PIB
Mesmo com previsão de avançar 10% este mês, comércio será insuficiente para alavancar o crescimento do país
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No comércio, a euforia é grande com milhões de mineiros circulando pelos corredores dos oito principais shoppings da capital durante o fim de semana. Levantamento junto aos centros comerciais revela que pelo menos 600 mil pessoas inundaram as lojas ontem e outros 600 mil consumidores devem ir às compras hoje. O bom desempenho pode levar a uma expansão de 10% do comércio varejista em dezembro na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo projeções da agência de classificação de riscos Austin Rating.
O avanço expressivo, porém, não será suficiente para mudar a trajetória decepcionante traçada para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. O próprio governo já admitiu o fiasco da economia e concordou com o mercado que não será possível crescer mais do que 1% em 2012. A verdade é que o varejo fará a sua parte com crescimento estimado de 9% no ano, e o consumo das famílias manterá expansão média entre 6% e 7%. Em contrapartida, a indústria, com participação de 27,5% na formação do PIB, amargará queda entre 1,8% e 2,2% no período e será a personagem principal da derrocada da atividade econômica, juntamente com a retração dos investimentos.
O comércio varejista, por sua vez, responde por 18,9% da formação do grupo de serviços, este sim responsável por 67% da geração de riquezas em todo o país. O subsetor ainda divide espaço com transporte, atividade financeira, serviços de informação, entre outros (veja quadro). O resultado é que, mesmo com grande avanço, o peso do comércio sobre a composição global do indicador de crescimento do país é bem inferior à participação da indústria.
Previsão das contas
E não é só isso. “O Natal acontece todo ano e já está previsto nas contas. O bom desempenho neste período é esperado e, de certa forma, acaba sendo controlado na dessazonalização, que é o dado que se considera retirando efeitos de datas comemorativas”, explica Juan Jensen, professor do Insper e sócio da Tendências Consultoria. Portanto, a injeção de 13º salário e a correria para compra dos presentes já foram estimadas pelo mercado e dificilmente motivarão qualquer revisão do PIB para cima.
“Esperamos um crescimento no último trimestre de 1,1% frente ao terceiro, e de 1,5% na comparação com o mesmo período de 2011”, estima Felipe Queiroz, economista da Austin Rating. Se confirmado, o resultado é claramente melhor que os trimestres anteriores, quando o país cresceu 0,2%, 0,4% e 0,6%, respectivamente no primeiro, segundo e terceiro trimestre