Está faltando combustível em várias regiões de Minas
Às vésperas do ano-novo, postos de várias regiões do estado, incluindo Grande BH, estão sem o combustível amarelo e etanol. Demanda e gargalo logístico contribuem para a falta
A poucos dias do feriado de ano-novo, falta combustível em postos dos quatro cantos do estado. O crescimento da frota associado à estagnação do refino de combustíveis derivados de petróleo e ao gargalo logístico faz com que gasolina e etanol não cheguem ao varejo no tempo necessário. Há relatos de postos com bombas vazias há dois dias, sem previsão de recebimento de novos estoques. O problema pode se agravar ainda mais com a possibilidade de reajuste do produto nas bombas, como ocorreu nas duas últimas vezes que houve racionamento em Minas.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) divulgou comunicado ontem, confirmando o desabastecimento. “Tem sido comum há alguns meses, e mais frequentemente no fim deste ano, relatos de que as distribuidoras estão entregando quantidades inferiores aos volumes solicitados ou até mesmo há casos em que não houve entrega do produto”, assina o presidente da entidade, Paulo Miranda. Desde o início da semana, o sindicato tem recebido reclamações em relação à insuficiência de combustível das regiões Norte, Triângulo, Central, Centro-Oeste e da Grande BH.
Em Piranga, na Zona da Mata, o Posto Cristovan está desde quarta-feira sem combustível. O mesmo ocorre com um outro concorrente. Como são somente três postos na cidade, os clientes migraram para o restante. “Não temos muito o que fazer. É esperar para calcular o prejuízo e pagar as contas normalmente”, reclama a gerente do posto, Maria da Conceição Marques Lana. Como se trata de um posto bandeira branca, o problema é ainda mais grave. As distribuidoras têm dado preferência àqueles que têm contrato de exclusividade. “Os clientes ficam revoltados e procuram o concorrente”, afirma.
Em novembro, o Estado de Minas noticiou a elaboração de um plano de contingência do Ministério de Minas e Energia, Petrobras, distribuidoras e representantes do setor para evitar o racionamento. O gargalo nas refinarias tem obrigado o país a importar combustível, mas, devido aos problemas de logística, o produto importado percorre longo caminho até os postos. “Está sendo necessário importar em torno de 90 mil barris dia. Isso, por sua vez, implica em mudança na logística de distribuição. O combustível que chegava até as refinarias por meio de dutos agora chega de navios e até mesmo de caminhões-tanque pelas estradas”, diz o comunicado do Minaspetro.
ATRASO Em nota, a Petrobras Distribuidora afirma que “por causa da demanda aquecida, pode haver algum atraso pontual na entrega a postos da bandeira BR, mas todos os pedidos estão sendo rigorosamente atendidos”. Não é que o diz Julius César Denucci, proprietário do posto Via Dupla, em Montes Claros, no Norte de Minas. Segundo ele, desde o dia 18 não é feita entrega de gasolina aditivada e há insuficiência de gasolina comum. Nesta semana, o posto ficou por 36 horas sem o combustível derivado de petróleo. “É complicado. Temos que cumprir contrato com empresas e órgãos”, afirma Denucci.
Em Coluna, no Vale do Rio Doce, o único posto no Centro da cidade está sem combustível desde ontem. Com isso, os consumidores eram obrigados a ir até a rodovia para abastecer, mas ontem esgotou o estoque também por lá. “Tem gente que não sabe se viaja. Corre o risco de ficar sem gasolina no meio da estrada”, afirma o gerente do posto, Francisco Barbosa.
Fonte: Estado de Minas