"Com esse câmbio, Brasil crescerá 3%", diz Bresser-Pereira

08 de Janeiro de 2013
por: Mariana Carneiro

O ex-ministro e colunista da Folha Luiz Carlos Bresser-Pereira afirmou ontem que a indústria brasileira não precisa de proteção, e que a solução para a falta de competitividade em relação aos importados é "colocar a taxa de câmbio no lugar".

"O Brasil não precisa de protecionismo para se desenvolver. Nossa indústria não é mais infante e nossos empresários devem ser capazes de concorrer sem subsídios ou tarifas altas", afirmou. "O problema é o câmbio".

Bresser-Pereira defende que a taxa de câmbio tem papel fundamental para devolver à indústria produtividade e investimentos -deprimidos após anos de valorização excessiva da moeda brasileira, na avaliação do economista.

"Pondo o câmbio no lugar certo, a competitividade aumenta substancialmente e o Brasil poderia crescer de 5% a 6% ao ano tranquilamente. Com essa taxa de câmbio [ontem a cotação do dólar fechou em R$ 2,03] vai crescer 3%", afirmou o ex-ministro, em seminário que reúne economistas heterodoxos na FGV-SP durante essa semana, em São Paulo.

Estudo recente feito pelo professor da FGV, Nelson Marconi, em parceria com Bresser-Pereira, aponta que a "taxa de câmbio industrial" estaria hoje em torno de R$ 2,70.

CONFUSÃO DE EMPRESÁRIOS É HIPÓTESE 'RIDÍCULA'

Para o ex-ministro, a ideia de que os investimentos escassearam em 2012 devido ao excesso de medidas intervencionistas do governo, que teriam perturbado os empresários, é "ridícula".

"Essa história de que os empresários ficaram confusos com as medidas do governo é uma loucura. O empresário quer apoio e o governo está dando um grande apoio, como a desoneração da folha de pagamentos", afirmou.

Ele disse que a falta de investimentos se deve à baixa demanda por produtos industriais brasileiros, uma vez que, na sua opinião, a taxa de câmbio apreciada permitiu a entrada de importados com vantagem no país.

"A indústria não investe por falta de mercado", afirmou. "[Os empresários] Não têm confiança de que haverá demanda para seus produtos. Com essa desvalorização que houve, pouca ainda, investir é muito perigoso".

Entretanto, para o ex-ministro, a redução dos juros e a desvalorização ocorrida até o momento, essa última ainda insuficiente em sua avaliação, estão no caminho certo.

"Com esse câmbio atual, o Brasil vai crescer mais do que cresceria se estivesse com uma taxa de R$ 1,65, que foi o câmbio que o Lula deixou para a Dilma".

Bresser-Pereira minimizou os efeitos da desvalorização sobre a inflação: "A inflação não é o único mal que nós temos. Ela deve ser combatida com juros, com outras medidas e não com o câmbio".

 

SAÚDE

Durante palestra no seminário ontem pela manhã, o ex-ministro passou mal e foi levado ao Hospital Sírio-Libanês. Segundo a assessoria do hospital, Bresser-Pereira apresentou "um quadro febril relacionado a um processo infeccioso cuja origem está sendo determinada".

Ainda de acordo com o hospital, o quadro de saúde do ex-ministro é "estável e favorável" e o tratamento já começou. Ele passou a noite no Sírio-Libanês.

 

Fonte: Folha de SP

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