Comércio tem queda de 70% em janeiro
Lojas de bairro têm menores perdas, variando entre 10% e 30%
Impostos a pagar, compra de material escolar, viagens de férias e prestações caras afastam os consumidores das lojas, principalmente de vestuário e calçados. E, para atrai-los de volta, lojista apelam para as liquidações.
A análise é do comerciante e presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro, Pedro Bacha. "O povo está sem dinheiro após tantos gastos, e deixa de comprar roupas para honrar as dívidas já feitas. Somente as papelarias e livrarias estão cheias, pelas compras de material escolar", diz. Ele acrescenta que as lojas venderam 12% menos no Natal de 2012 que em relação ao Natal de 2011. "Não tivemos um bom ano".
Com menor lucratividade, os lojistas efetivam menos temporários. O próprio Pedro Bacha, em uma de suas lojas Marina, no centro da capital, contratou 20 pessoas no período natalino e agora poderá ficar com no máximo 12. "As obras no centro da cidade têm prejudicado muito os comerciantes. Alguns já estão fechando as portas", alerta.
Nos bairros. As lojas de bairro sentem uma menor queda nas vendas, mas não deixam de fazer suas promoções para chamar a clientela.
Com a placa de promoção na porta da loja, a empresária Márcia Cunha, dona da Fuxico, loja de roupas e acessórios artesanais, dará descontos de 25% para compensar uma queda de até 30% nas vendas. "Quando todas as fábricas estiverem liquidando, aumentaremos os descontos", diz.
Na Joy, loja de roupas de Simone Serra, as promoções variam de 10% a 50%. "Avalio que teremos uma pequena queda nas vendas, de 10%. Mesmo assim, faço promoções e coloco na vitrine a coleção alto verão", diz. Carla Paixão de Laia, da loja de calçados Duda Paixão, está dando descontos de 10% a 20%. "Nossas vendas caem apenas cerca de 10%", calcula.
O salão de beleza Vida Estética e Beleza estenderá o horário de funcionamento até 20 horas para atrair as clientes que não tiraram férias. "No horário comercial o salão fica bem vazio em janeiro, então facilitamos o acesso para quem ficou na cidade trabalhando", diz a manicure Sunamita Santos.
São Paulo. As medidas de estímulo concedidas pelo governo aos setores de veículos, material de construção e eletrodomésticos sustentaram o crescimento do comércio varejista no ano passado.
Apesar disso, o avanço teve a menor intensidade dos últimos três anos e ficou ligeiramente acima do nível registrado em 2009, quando a crise financeira mundial afetou a atividade.
Segundo indicador da Serasa Experian, o varejo fechou 2012 com crescimento de 6,4%, bem abaixo do ritmo dos dois anos anteriores (9,6% e 7,8%). Em 2009, a alta foi de 6,1%.
A atividade foi puxada principalmente pelos segmentos de material de construção (7,6%) e os de móveis, eletroeletrônicos e informática (7,7%). O benefício da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) está entre as principais explicações pelo avanço.
Também incluído nas medidas de estímulo, o setor de veículos teve um avanço de 4,7% no ano passado. Segundo os economistas da Serasa Experian, o ainda alto nível de inadimplência conteve um avanço maior.
Já a evolução na atividade dos supermercados (4,1%) foi mais contida devido à aceleração no reajuste de preços dos alimentos, de acordo com a equipe econômica. O crescimento ainda se mantém por causa do alto nível de emprego e incremento da renda.
Fonte: O TEMPO