Empresariado revê empregos

09 de Janeiro de 2013
por: Tatiana Lagôa

Demissões iniciaram em dezembro, após fechamento do ano com resultados negativos

 

Depois de um ano fraco, com perspectivas de crescimento frustradas, os empresários mineiros começam a rever o quadro de funcionários. Em alguns setores, as demissões já iniciaram em dezembro após o fechamento dos balanços com resultados negativos. Já em outras áreas, cortes de até 30% do número total de trabalhadores no Estado já são promessas para este semestre. Essa realidade significa a entrada em um novo patamar do nível de desemprego, que até então estava em escalada decrescente, conforme análise de especialistas e representantes de sindicatos patronais.

Para o professor e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas Fernando de Holanda Barbosa Filho, duas principais questões corroboram para a teoria de aumento do desemprego em 2013. A primeira delas é o resultado fraco alcançado por vários setores nos exercícios anteriores.

"A economia brasileira não cresceu o esperado durante os últimos dois anos e os empresários só mantiveram os funcionários contratados por causa da expectativa de resultados melhores. Mas, se eles continuarem sem vir, não há porque continuar com essa postura", afirma.

O especialista ressalta que muitas demissões foram adiadas também em decorrência do alto custo para se treinar um novo profissional, em caso de reaquecimento dos negócios. Para evitar gastos futuros, muitos empresários optam por uma margem mais apertada.

O segundo fator, segundo Barbosa Filho, seria a possibilidade de um racionamento de energia. Nesse caso, uma possível redução da produção, em decorrência dos altos custos do insumo, forçaria o enxugamento do quadro de funcionários.


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No polo de móveis de Ubá, entre dezembro e ontem, cerca de 2 mil trabalhadores foram desligados das 300 empresas da região
No polo de móveis de Ubá, entre dezembro e ontem, cerca de 2 mil trabalhadores foram desligados das 300 empresas da região

Abimaq - O setor de máquinas e equipamentos é um dos que possuem projeções nada animadoras no que se refere a empregos. Somente no final do ano passado foram demitidos aproximadamente 6 mil trabalhadores, sendo cerca de 800 em Minas Gerais.

Com a utilização de apenas 70% da capacidade produtiva, a expectativa é a de novos cortes em breve. Para o diretor regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Marcelo Veneroso, o excedente do quadro de funcionários, portanto passível a corte, representa cerca de 30% do número total de contratados pelo setor no Estado.

Mas tudo ainda está muito incerto. "O cenário está obscuro para a gente. Os resultados das ações do governo não chegaram ainda para a indústria de máquinas e equipamentos. Janeiro que representava uma esperança de aumento das encomendas também está frustrando as expectativas. E ninguém sabe o que o governo vai fazer para tentar melhorar a situação neste ano", afirma Veneroso.


Ubá - No polo de móveis de Ubá o fantasma das demissões também já está rondando. Entre dezembro e ontem, cerca de 2 mil pessoas foram desligadas das 300 empresas instaladas nas cidades de Ubá, Guidoval, Tocantins, Visconde do Rio Branco, São Geraldo, Rodeiro, Guiricema e Piraúba. Juntas, elas geram cerca de 30 mil empregos diretos.

Segundo o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersind), Michel Henrique Pires, até março, outras 2 mil demissões devem ser concretizadas. A justificativa para essa realidade adversa é simples: redução da demanda.

"Esperamos um ano ainda pior do que o passado porque não teremos a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)", afirma. O balanço ainda não fechou, mas a estimativa é a de que em 2012 a redução da produção frente a 2011 tenha sido da ordem de 7%.


Sicepot - Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), Alberto Salum, o ano de 2012 foi marcado por uma contratação inferior à apurada nos demais anos. "O exercício passado foi muito difícil. Houve muito decréscimo na rentabilidade e no faturamento e não sabemos ainda o que vai ser em 2013. Mas esperamos que seja melhor", afirma.

Assim como em 2012, os setores de comércio e serviços deverão permanecer como um parênteses na economia. Enquanto os outros setores sofrem com o desaquecimento econômico, os dois devem manter bons níveis de crescimento e, conseqüentemente, de emprego.

O economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) Gabriel Andrade Ivo, acredita que 2013 poderá ser ainda melhor em decorrência da Copa das Confederações.

 

Fonte: Diário do Comércio

 

 

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