Falta de energia afetará mercado de trabalho
Rio - O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), recuou 2,4% em dezembro em relação a novembro. O índice, que monitora a evolução da taxa de desemprego no país medida pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingiu o segundo menor nível da série histórica, aos 60,9 pontos, sendo superior apenas ao patamar de dezembro de 2011, de 60,4 pontos.
Segundo a FGV, o recuo registrado em dezembro sinaliza uma diminuição da taxa de desemprego em relação ao mês anterior e confirma o bom momento do mercado de trabalho ao final de 2012. Em novembro, o indicador tinha registrado redução de 0,1%. O ICD reflete o sentimento do brasileiro em relação à oferta de emprego, pesquisado na Sondagem do Consumidor.
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) registrou recuo de 0,3% em dezembro ante novembro, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Na leitura anterior, o índice apresentou queda de 0,4%.
O IAEmp antecipa movimentos do mercado de trabalho em um intervalo de três meses. Segundo a FGV, o resultado de dezembro confirma a tendência de acomodação no mercado de trabalho e sinaliza um ritmo moderado de contratação de mão de obra nos próximos meses.
O componente que mais contribuiu para o recuo do IAEmp em dezembro foi o que mede o otimismo do setor de Serviços em relação à situação dos negócios nos próximos seis meses, com queda de 4,0%, ante novembro. Para compor o indicador, são utilizadas as informações das sondagens da indústria, de serviços e do consumidor.
Energia - A perspectiva para o mercado de trabalho é favorável para os próximos meses, a menos que a ameaça de falta de energia elétrica se concretize, segundo Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da área de Economia Aplicada do Ibre/FGV.
"Se a crise de energia for mesmo grave como estão dizendo, a população ocupada despenca. As empresas não vão ter por que reter mão de obra se faltar energia. Vamos entrar numa crise como a do apagão lá de 2001, e não vai ter por que contratar mais trabalhador", alertou Barbosa Filho.
"A perspectiva é boa (para o mercado de trabalho) desde que não aconteça um apagão e a economia consiga recuperar o ritmo de crescimento, que perdeu um pouco o passo em 2012", avaliou Barbosa Filho. "A expectativa de falta de energia afeta a intenção dos empresários de reter trabalhadores. Se a escassez se realizar, esse ano vai ter aumento do desemprego", acrescentou. (AE)