IPCA encerra 2012 em 5,84%
Com o resultado, índice ficou acima do centro da meta do ano passado, estipulada em 4,5%
Rio de Janeiro - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, encerrou 2012 com alta acumulada de 5,84%, após avançar 0,79% em dezembro, informou o IBGE ontem. Com o resultado, o IPCA ficou acima do centro da meta do ano passado, estipulada em 4,5% com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. Pelo terceiro ano consecutivo, o índice supera o alvo: em 2010, ficou em 5,91%; e em 6,50%, em 2011. Em 2009, o IPCA foi de 4,31%.
Os vilões de 2012 foram os alimentos e os serviços. No ano, o custo do empregado doméstico, que faz parte do grupo de Despesas Pessoais, subiu 12,73% - no maior impacto para o IPCA, com 0,45 ponto percentual. Também pesaram - e muito - nas contas das famílias as refeições (8,59%), o aluguel (8,95%), o plano de saúde (7,79%) e os cursos regulares (8,35%). O grupo dos serviços subiu 8,74% em 2012.
O grupo alimentação e bebidas, que detém a maior parcela do orçamento das famílias (23,93%), subiu 9,86%, mais do que os 7,18% do ano anterior em 2,68 ponto percentual. Dono de 2,27 pontos percentuais do índice, o grupo foi responsável por 39% da taxa. Puxaram as altas produtos como farinha de mandioca (91,51%), feijão mulatinho (53,80%), alho (50,65%), batata (49,98%), feijão preto (44,20%) e arroz (36,67%).
"A empregada doméstica se constitui uma despesa das famílias que vem aumentando por causa da escassez do profissional e pelo aumento do salário mínimo. Os alimentos, em função da redução da área plantada e de seca, ficaram com oferta menor. Os preços subiram muito impactando no bolso do consumidor no ano anterior", disse Eulina Nunes, gerente do IPCA, acrescentando que ajudaram a conter a taxa em 2012 o comportamento das tarifas de energia elétrica e dos preços dos automóveis novos e usados por causa do IPI.
O resultado de dezembro, que é o maior desde março de 2011 (0,79%), indica aceleração ante novembro, quando foi registrada alta de 0,60%. A mediana das projeções de 31 analistas ouvidos pela Reuters indicava alta de 0,74% no mês passado, com as estimativas variando entre 0,65% e 0,79%. Para o acumulado em 12 meses, a expectativa era de alta de 5,79% segundo 25 previsões, que variaram de 5,70 a 5,84%.
"Ainda que tenha vindo acima do que o mercado esperava, não houve surpresas. Dezembro mostra um ponto fora da curva. E, por isso, o ano de 2013 deve fechar com inflação mais perto de 5,5% do que de 6,0%", disse Carlos Thadeu de Freitas, chefe da Divisão de Economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central (BC).
Com 5,84%, o IPCA de 2012 ficou abaixo do índice de 2011 (6,50%) em 0,66 ponto percentual. Dos grupos pesquisados, o mais elevado foi o das despesas pessoais, que atingiu 10,17%, enquanto o mais baixo foi o grupo transportes, com 0,48%.
Além dos salários dos empregados, as principais altas que levaram as despesas pessoais (10,17%) ao topo de resultados de grupos foram cigarro (25,48%); excursão (15,25%); manicure (11,73%); hotel (9,39%); costureira (7,42%); e cabeleireiro (6,80%).
Em nota divulgada pelo Banco Central, o presidente do BC, Alexandre Tombini, destacou que "a meta para a inflação foi cumprida em 2012 pelo nono ano consecutivo".
"Em relação ao que se observou em 2011, houve recuo da inflação. Não obstante, na segunda metade de 2012, observaram-se pressões de preço decorrentes de choques desfavoráveis no segmento de commodities agrícolas, dentre outros fatores. No curto prazo, a inflação mostra resistência, mas as perspectivas indicam retomada da tendência declinante ao longo de 2013", disse a nota.
Janeiro - Em janeiro, os alimentos devem continuar pressionando o IPCA, em boa medida por altas sazonais de legumes e hortaliças (chuvas). E também, segundo a consultoria LCA, preços do grupo de transporte devem apontar para cima na esteira das altas projetadas para passagem aérea, etanol, automóvel novo (via mudança, de zero para 2%, na alíquota de IPI para veículos de até 1.000 cilindradas) e ônibus (urbano, intermunicipal e interestadual).
"Os alimentos, neste ano, devem subir em 2013, mas menos do que em 2012. Devem sair de uma alta de quase 10% para 6% neste ano. No atacado, os produtos agropecuários subiram muito ano passado, quase 20%. Em 2013, a expectativa é de deflação de 3%. A não ser que haja choque de oferta, os alimentos vão ajudar a manter a inflação sob controle. Vetores de alta vão vir, especialmente, de serviços e combustíveis", explicou Fábio Romão, economista da LCA.
"Com reajustes salariais menores no mercado de trabalho neste ano, os serviços devem pressionar a inflação, mas devem pressionar menos", disse Carlos Thadeu, acrescentando que os preços dos alimentos devem ter uma trajetória mais tranqüila nesse ano. "A não ser por choques de oferta que são imprevisíveis".
Fonte: Diário do Comércio