Brasil precisa focar em investimento, dizem analistas
São Paulo. Analistas acreditam que a economia brasileira tem condições de driblar e evitar ser atingida pelo chamado fenômeno stop and go, também conhecido como voo de galinha, que implica em períodos mais curtos e instáveis de crescimento na economia, como é característico da ave que consegue fazer apenas voos rasantes e rápidos. O governo tem adotado políticas de longo prazo, mas isso não é o bastante.
Para o ex-presidente do Banco Central (BC), Gustavo Loyola, o Brasil carece de uma taxa de crescimento que não coloque a economia no stop and go. "Para que o Brasil cresça mais fortemente, precisa adotar políticas que aumentem o crescimento da produtividade e do investimento. Basicamente é isso que precisamos. Políticas que, no limite, vão elevar a capacidade produtiva do país e não necessariamente incentivar somente a demanda", disse.
Para Loyola, a economia tem condições de avançar 3,2% em 2013 e continuar crescendo no ano seguinte, impulsionada, por exemplo, pela Copa do Mundo. Ele disse não acreditar que o evento esportivo, que acontece em 2014, será um "fiasco", mas que será feito de improviso, principalmente em questões ligadas à mobilidade urbana.
O economista chefe do Banco J. Safra, Carlos Kawall, trabalha com um cenário em que a economia brasileira crescerá 3% em 2013 e 4%, em 2014. Para ele, é improvável que o país consiga retomar o ritmo de expansão visto antes da crise. "Nosso cenário contempla essa aceleração, mas não garante que retornemos a patamares de crescimento anteriores à crise", avaliou.
Entre os fatores inibidores ao aumento do investimento, Kawall disse que estão a atual capacidade ociosa da indústria, o cenário externo adverso que afeta as exportações e os elevados custos trabalhistas e de insumos. "Tanto no setor público quanto no privado há um grande caminho para acelerar a taxa de investimento. Mas temos dificuldades na velocidade de aceleração desse processo", disse.
Para o sócio-diretor da RC Consultores, Fábio Silveira, apesar de o país ter uma massa salarial crescente e de o governo estar sempre adotando medidas de estímulo, ainda não há elementos que sinalizem uma evolução da indústria o suficiente para que o investimento cresça. Para ele, o país poderá ter taxa de crescimento de 3% em 2014.
Fonte: O TEMPO