Copom deve manter Selic inalterada
Desafio do governo federal agora é aumentar a competitividade brasileira
Analistas dizem que inflação do ano ter ficado dentro da margem de erro fará governo manter a política
A taxa básica de juros (Selic) deverá ser mantida em 7,25% ao ano - o menor patamar histórico já registrado - na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de 2013, que acontece nas próximas terça e quarta-feira. Esta é a aposta da grande maioria dos especialistas, que garantem que o índice, reduzido em 3,75 pontos percentuais no decorrer de 2012, será conservado ao longo deste exercício, ou, pelo menos, enquanto a inflação permitir.
De acordo com o professor de Economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Márcio Salvato, o argumento de que a taxa será mantida no mesmo patamar surge do atual cenário econômico e da própria ata divulgada na última reunião do Copom em novembro de 2012. Ele acrescenta ainda que o fato de a inflação oficial ter encerrado o exercício passado em 5,84% contribuirá para tal manutenção.
"Apesar de ter ficado fora do centro da meta, a inflação não ultrapassou o teto, que é de 6%. Isso abre espaço para que o BC mantenha a taxa de juros baixa, até porque o governo precisará continuar incentivando o consumo, uma vez que o crescimento da economia ainda está aquém do esperado", explica, fazendo referência ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que deverá fechar 2012 próximo de 1%.
Desafios - Neste sentido, o professor do Ibmec destaca que entre os desafios do governo para 2013 está a continuidade do crescimento do consumo, tendo em vista que os instrumentos para tal já estão se esgotando. Conforme Salvato, juros baixos, expansão do crédito e redução ou isenção de alguns impostos são estratégias utilizadas há algum tempo e que já não surtem tanto efeito. "Exemplo disso é o crescimento pífio da economia em 2012", diz.
O desafio agora, segundo ele, é fazer com que esses instrumentos tragam não só mais resultados, mas também maior competitividade. "Estamos perdendo o mercado internacional não porque o mercado externo está menor, mas por que nossa competitividade não acompanha a de outros países", justifica.
O professor de economia da Fundação Getúlio Vargas/IBS, Mauro Rochlin, concorda que, de imediato, a taxa deverá ser mantida em 7,25% ao ano e que no decorrer de 2013 não haverá grandes oscilações. Porém, ele lembra que para o restante do ano será levada em consideração uma série de fatores, como o comportamento da inflação já no primeiro trimestre.
"Os primeiros três meses deste ano serão cruciais para a definição do posicionamento da política monetária que será adotada ao longo deste exercício. A própria inflação será importantíssima, já que indicadores ruins, neste caso, colocam em xeque a estratégia do Banco Central de manter as taxas de juros baixas. E, de acordo com o que ocorrer, na segunda reunião do comitê já poderá haver mudanças", afirma.
Além disso, Rochlin diz que é preciso lembrar que hoje a atuação do BC é diferente. Enquanto no passado as atenções ficavam voltadas somente para a inflação, hoje as preocupações do Copom dividem-se entre a variação dos preços e o desempenho da economia.
Já o professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Ário de Andrade afirma que somente uma mudança grande no cenário faria com que a decisão do Copom fosse diferente. "A expectativa de manutenção da taxa é unânime. A não ser que a inflação dispare e o BC precise elevar a Selic para equilibrá-la", conclui.
Fonte: Diário do Comércio, 12/01/2013