ANP quer que preço de gasolina tenha dois dígitos após vírgula
Setor diz que medida pode ser ‘um tiro no pé’ do consumidor
"Pode ser um tiro no pé. Além de não defender o consumidor, pode obrigar os donos de postos a cobrarem do consumidor essa diferença", diz o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis (Fecombustível), Paulo Miranda. Segundo ele, um posto de médio porte, que vende 1 milhão de litros de gasolinas por mês, poderia ter uma redução de até R$ 10.000 na receita - valor que seria considerado na composição do preço. "Os Procons deveriam se preocupar menos com isso e mais com a qualidade da gasolina", diz.
Gerente de um posto no bairro Serra, Zona Sul da capital, Túlio De la Fuente, diz que o custo terá de ser repassado. "É quase um centavo por litro de gasolina. Isso acirrava a concorrência e compunha nossa margem. Infelizmente, o custo será do consumidor", diz.
Segundo a ANP, essa mudança atende a uma reivindicação antiga de órgãos de defesa do consumidor.
"Acabaria com uma propaganda enganosa e com um desconto ilusório", explica a economista do Instituto de Defesa do Consumidor, Ione Amorim. "Esse suposto desconto é arredondado para cima na hora do pagamento, porque o cliente paga o preço com duas casas".
Após quase quatro anos de preços congelados, a gasolina deverá ser reajustada em 2013. A informação já havia sido dada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e, em entrevista no final do ano passado, a própria presidente da Petrobras, Graça Foster, confirmou que deverá haver o reajuste. Segundo o plano de negócios da Petrobras, a previsão é que entre os anos de 2012 e 2016 a alta acumulada seja de 15%.
O reajuste é aguardado pelos produtores de cana-de-açúcar e etanol, que estão perdendo mercado e competitividade em função do preço defasado do combustível. (PG)
Fonte: O TEMPO