ANP quer que preço de gasolina tenha dois dígitos após vírgula

15 de Janeiro de 2013
por: Pedro Grossi

Setor diz que medida pode ser ‘um tiro no pé’ do consumidor

 

A eventual retirada de um dígito no preço da gasolina vai significar um aumento de custos que será repassado para o consumidor, de acordo com representantes dos postos de combustível. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) confirmou que está analisando a possibilidade de retirar a terceira casa decimal dos preços dos postos. No novo modelo, o litro de gasolina com preço divulgado de R$ 2,799, por exemplo, teria de passar para R$ 2,79. A medida deve ir a consulta pública ainda neste mês.

"Pode ser um tiro no pé. Além de não defender o consumidor, pode obrigar os donos de postos a cobrarem do consumidor essa diferença", diz o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis (Fecombustível), Paulo Miranda. Segundo ele, um posto de médio porte, que vende 1 milhão de litros de gasolinas por mês, poderia ter uma redução de até R$ 10.000 na receita - valor que seria considerado na composição do preço. "Os Procons deveriam se preocupar menos com isso e mais com a qualidade da gasolina", diz.

Gerente de um posto no bairro Serra, Zona Sul da capital, Túlio De la Fuente, diz que o custo terá de ser repassado. "É quase um centavo por litro de gasolina. Isso acirrava a concorrência e compunha nossa margem. Infelizmente, o custo será do consumidor", diz.

Segundo a ANP, essa mudança atende a uma reivindicação antiga de órgãos de defesa do consumidor.
"Acabaria com uma propaganda enganosa e com um desconto ilusório", explica a economista do Instituto de Defesa do Consumidor, Ione Amorim. "Esse suposto desconto é arredondado para cima na hora do pagamento, porque o cliente paga o preço com duas casas".
Após quatro anos, gasolina terá reajuste

Após quase quatro anos de preços congelados, a gasolina deverá ser reajustada em 2013. A informação já havia sido dada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e, em entrevista no final do ano passado, a própria presidente da Petrobras, Graça Foster, confirmou que deverá haver o reajuste. Segundo o plano de negócios da Petrobras, a previsão é que entre os anos de 2012 e 2016 a alta acumulada seja de 15%.

O reajuste é aguardado pelos produtores de cana-de-açúcar e etanol, que estão perdendo mercado e competitividade em função do preço defasado do combustível. (PG)

 

 

Fonte: O TEMPO

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