Inadimplência na Capital é a menor em quatro anos

15 de Janeiro de 2013
por: Aparecida Lira

Recuperação de crédito e 13º ajudaram no resultado

 

A taxa de inadimplência entre os consumidores de Belo Horizonte no mês de dezembro de 2012, de 4,9%, é a menor registrada na cidade desde julho/agosto de 2008, quando chegou a 3,7%. Os dados foram levantados na Pesquisa de Endividamento realizada pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio/Minas) e indicam também que houve queda de 0,6 ponto percentual sobre novembro, quando o índice de inadimplência foi de 5,5%.

O nível de endividamento também recuou em dezembro e atingiu o menor patamar desde maio/junho de 2011. Em dezembro/12 o índice de endividamento futuro das famílias ficou em 64,8% ante a 71,5% em novembro. No mesmo período de 2011 o percentual era de 70,1%.

Na análise do economista da Fecomércio, Gabriel de Andrade Ivo, o que explica este novo quadro em relação à inadimplência é a forte adesão dos consumidores às campanhas de recuperação do crédito ocorridas nos últimos meses do ano passado e a utilização dos recursos do 13º salário para quitar dívidas. bom lembrar que em novembro/dezembro de 2011 a taxa de inadimplência em BH estava em 6,8%. Ela começou a recuar em outubro, quando chegou a 6,1%, caindo para 5,5% em novembro e para 4,9% em dezembro.

Em relação ao endividamento, surpreende a redução do percentual de famílias com compromissos a pagar, já que o ambiente econômico estável do país, a confiança no futuro, comportamento do emprego e da renda, aliados ao acesso ao crédito contribuem para estimular a propensão ao endividamento das famílias nos últimos meses do ano e na véspera do Natal.

Entretanto, na análise da Fecomércio, o que está acontecendo é a conscientização do consumidor, o planejamento mais eficaz das compras e a maior preocupação com o equilíbrio do orçamento doméstico.

O que reforça esta interpretação é o aumento significativo - de 2,4% em novembro para 6,6% em dezembro - no percentual empréstimos feitos com familiares e conhecidos, uma forma de fugir dos juros exorbitantes cobrados por instituições financeiras.

Desde 2006, quando começaram a ser realizadas as pesquisas da Fecomércio, este é o maior percentual de empréstimos feitos pelas pessoas junto a parentes e amigos.

A pesquisa detectou também que a grande maioria (67,8%) das famílias usará até 30% da renda para quitar compromissos futuros, percentual considerado seguro e acima do índice apurado em novembro, de 57,1%.


Preocupante - Há um lado negativo neste cenário, que é a expansão do endividamento via cartão de crédito, forma de pagamento que se não for quitada no prazo implica em juros de mais de 10% ao mês. A participação do cartão de crédito no parcelamento de compras passou de 54,4% em novembro para 58% no mês seguinte. Em dezembro de 2011 esta participação correspondia a 49,8%.

Outra forma de pagamento que subiu na preferência do consumidor foi o carnê de loja, cujos prazos são mais dilatados, porém com juros também muito altos, independente de haver ou não atraso na quitação. Em novembro de 2012, ele representou 5,3% dos compromissos financeiros das famílias e, em dezembro, 7,9%, o maior índice do ano. Por outro lado, houve recuo na utilização do cartão de loja, de 6,9% em novembro para 6,4% em dezembro.

Os cheques pré-datados também tiveram retração em dezembro de 2012. Após um aumento em novembro, com uma participação de 8,2%, em dezembro eles corresponderam a 5,6% dos compromissos financeiros dos consumidores.

Entre os entrevistados, aqueles que possuem algum compromisso financeiro em atraso acima de 91 dias correspondem a 31,7% da amostra, enquanto 15,9 % estão com dívidas vencidas há 30 dias.

O motivo mais citado para os atrasos é o descontrole/falta de planejamento, com 42,9% das respostas. O desemprego (31,4%) e o atraso salarial (17,1%) vêm a seguir.

Apenas 3% afirmam que vão conseguir quitar os compromissos pendentes dentro de dois a três meses, enquanto 60,6% estimam que vão precisar de pelo menos 90 dias, índice pior ao apurado na última pesquisa (73,3%). Entretanto, quase 40% (39,4%) não sabem quando conseguirão ficar livres das dívidas em atraso. Este índice é significativo e superior ao da última pesquisa (24,0%).

 

Fonte: Diário do Comércio

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