Candidato pode ter que declarar raça ou cor em 2014
Rio de Janeiro. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estuda incluir na ficha de registro das candidaturas para as eleições de 2014 um espaço para o candidato declarar a sua raça e cor. Atualmente, o tribunal não tem estatísticas sobre o número de negros na política brasileira, nem de políticos eleitos nem de candidatos.
Segundo a Agência Brasil, a sugestão de agregar ao sistema de registro de candidaturas a opção para o candidato declarar a sua cor foi encaminhada ao grupo de estatística do TSE, que está analisando a viabilidade e o formato da produção desse dado para as eleições 2014.
A assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eliana Graça, diz que a entidade tentou implantar a medida por meio de articulação no Congresso Nacional, mas não obteve sucesso.
"Tentamos convencer os parlamentares de que isso tinha que entrar na minirreforma política de 2009", disse a especialista.
De acordo com Eliana, a negativa demonstra o preconceito existente no parlamento brasileiro. Eliana disse que os parlamentares não aceitaram a sugestão "porque têm medo que pareça uma cota", da mesma forma que tem a cota para mulheres nas coligações.
A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) reforça a necessidade de mapear a situação étnica em todas as esferas do país. Para ela, essa é uma forma de identificar as etnias no país. "É fundamental para nós", afirma. Benedita defende que em todos os registros dos cidadãos deveriam constar a informação sobre a cor.
Único. João Alves Filho, do Democratas, é o único negro entre os prefeitos de capital que tomaram posse no dia 1º de janeiro. Ele volta ao cargo em Aracaju (SE), depois de ter sido prefeito da cidade na década de 1970 e governador do Estado em duas ocasiões.
No Congresso, a participação dos negros também é pequena. Enquanto no Brasil a proporção de negros na população ultrapassa os 50%, entre pretos e pardos, na Câmara a proporção fica em 8,9%, com 46 dos 513 representantes do povo.
Fonte: O TEMPO