BH ocupa 5º lugar no ranking do preço em estacionamentos

30 de Janeiro de 2013
por: Carolina Mansur e Pedro Rocha Franco

Pesquisa aponta SP como a capital mais cara para estacionar no Brasil. Preço do metro quadrado e custo de vida pesam no valor do serviço

 

 

 (Cristina Horta/EM/D.A Press)  
 
Belo Horizonte ocupa a quinta posição no ranking das capitais com o maior preço da hora de estacionamento, segundo a última Pesquisa Nacional de Tarifas de Estacionamentos, iniciativa da Associação Brasileira de Estacionamentos (Abrapark), que apresenta as maiores tarifas cobradas nas categorias hora, diária e mensalidade, em 17 capitais brasileiras. Belo Horizonte aparece atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba, apesar de ser a terceira maior economia do país, entre as pesquisadas. Mas o que era para ser visto de forma positiva acaba por refletir um incentivo ao transporte individual, já que, com a hora mais barata, mais pessoas utilizam os estacionamentos privados em detrimento ao transporte público. Na quarta e última reportagem da série sobre estacionamentos, o Estado de Minas compara a capital mineira a outras grandes cidades e aponta caminhos para o futuro.

Metrô, corredores rápidos de ônibus e trens metropolitanos estão na pauta de investimentos em transporte público  na Grande BH, mas nem por isso a demanda pelos meios privados se reduzirá. Primeiro, de acordo com especialistas, existe a necessidade de mudança de mentalidade da população, que, desacostumada a conviver com os transportes coletivos, precisa abrir mão dos tão confortáveis carros e motos.

“O poder público não tem que gastar dinheiro com estacionamento. Pode criar condições para isso. A carência do Brasil em relação ao transporte é grande demais”, afirma o diretor-regional da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Ricardo Mendanha Ladeira. O especialista em transporte e trânsito avalia que o déficit de investimento em meios de massa no país é gigantesco e que, para supri-lo, não bastarão as obras que visam a Copa de 2014. “É preciso que esse seja um processo constante”, afirma.

O diretor da Autopark e da Associação Brasileira de Estacionamentos (Abrapark), Rogério Lima, lembra que, em algumas capitais, as tarifas tendem a ser maiores pelo fato de os preços refletirem o custo de vida na região e a valorização imobiliária. Ele lembra ainda que a atividade deve ser encarada como suporte para outras, além de ser lembrada por sua importância. “Hoje, muitas estações de metrô têm estacionamentos acoplados que interligam transporte público e privado.”

Lima enxerga algumas possibilidades, como a retirada de vagas de faixas de rolamento e a implantação de novos estacionamentos. “Isso poderia incentivar a migração dos carros para estacionamentos, privativos ou não, dando mais fluidez ao trânsito.”

Motos geram novo negócio


Prova da priorização do transporte particular ante o privado é a multiplicação do número de motocicletas nas ruas. Em Belo Horizonte, o ritmo de emplacamento de motos é cinco vezes superior ao de automóveis. Aproveitando o baixo custo dos veículos sobre duas rodas, em uma década o total de motos triplicou. Acompanhando esse cenário, empresários investiram na criação de estacionamentos próprios para motos, principalmente na região central da cidade, onde circula boa parte dos entregadores que usam o veículo.

O serviço é similar ao de automóveis, mas o retorno de uma vaga pode ser ainda mais atrativo. Isso porque tanto veículos quanto espaço para manobra são menores. O preço, no entanto, permanece alto. Enquanto o valor médio de uma hora para carros na capital é de R$ 8,84, segundo o site Mercado Mineiro, para motos há quem pague até R$ 4.

“Na rua não tem vaga”, justifica o empresário Guilherme Henrique Silva Almeida, que há cinco anos foi um dos pioneiros na implantação do serviço em Belo Horizonte, quando abriu seu negócio na Rua da Bahia, ao lado do Parque Municipal. O retorno é certo. São aproximadamente 170 clientes por dia, o que acaba por cobrir a maior despesa, que é o aluguel do espaço por R$ 5 mil. Ele explica que dois em cada três dos condutores que deixam o veículo lá têm atividades rápidas na região central, enquanto o restante firma contrato de mensalista, por R$ 80 ao mês, podendo usar a vaga de segunda a segunda. (CM e PRF)

Custos são altos, dizem empresários

No domingo, o Estado de Minas mostrou a capacidade de faturamento de uma vaga real, de aproximados 11 metros quadrados, no Centro de BH. Funcionando 16 horas por dia, nos 30 dias do mês com preço da hora em R$ 12 – conforme informado no estacionamento, que funciona 24 horas por dia –, essa vaga poderia alcançar rendimento bruto mensal de até R$ 5.760 caso recebesse apenas horistas (sem contar diaristas e mensalistas). Empresários do setor, no entanto, dizem que os ganhos e rentabilidade são menores. A justificativa seriam os altos custos do negócio.

“Essa é uma atividade regulamentada, que presta contas ao Fisco. Precisamos remunerar a prestação de serviço e o local instalado. O serviço guarda um patrimônio que não é barato”, afirma o diretor da Autopark, um dos maiores players do mercado, Rogério Lima. “Utilizamos cerca de 25 metros quadrados para construir uma vaga, que custa em média R$ 50 mil, fora isso pagamos impostos, arcamos com eventuais sinistros, seguro, equipamentos e sistemas.” Segundo o empresário e vice-presidente da Fiemg, Teodomiro Diniz, que possui cerca de 175 vagas de estacionamento no Centro, a forte concorrência acaba por “achatar as margens” do mercado. “Quando se abre um ponto de estacionamento, dez empresas oferecem propostas. É uma concorrência que faz o custo de locação ser um dos mais importantes no negócio”, garante. (CM e PRF)
 
 
Fonte: Estado de Minas

 

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