RMBH tem menor taxa de desemprego do país pelo 2º ano consecutivo
31 de Janeiro de 2013
por: Pedro Henrique Lobato
Queda do índice para 5,1% em 2012 é recorde
Publicação: 31/01/2013 06:00 Atualização: 31/01/2013 07:45
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Maria Fernanda Patrus seguiu a onda do varejo e vendeu 33% a mais no último trimestre do ano passado |
Pelo segundo ano consecutivo, a taxa de desemprego na Grande Belo Horizonte foi a menor entre as sete regiões metropolitanas pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Na capital mineira e cidades vizinhas, o indicador caiu de 7% em 2011 para 5,1% em 2012 – é o menor índice desde o início da série histórica, em 1996. No Brasil, ocorreu leve alta em igual período, de 10,4% para 10,5%.
“Na Grande BH, a redução é resultado do aquecimento de todos os setores. Destaque para a construção civil, incentivada pelo fato de a capital sediar a Copa em 2014”, disse o economista Plínio Campos, coordenador da pesquisa pela Fundação João Pinheiro (FJP), parceira do Dieese. Ele acrescenta que outro motivo da queda do indicador é a estabilidade da chamada População Economicamente Ativa (PEA).
No Brasil, ocorreu o contrário: o número de pessoas na PEA foi maior do que o de vagas abertas: 449 mil contra 384 mil postos de trabalho. Relatório do Dieese informou que, no conjunto das sete regiões metropolitanas, “a quantidade de ocupados foi estimada em 19,79 milhões de pessoas e a PEA, em 22,12 milhões”. O percentual de desempregados no país (10,5%) em 2012, portanto, corresponde a 2,3 milhões de pessoas.
Já na Grande BH, os 5,1% representam 121 mil homens e mulheres. Por sua vez, a população ocupada soma quase 2,5 milhões de trabalhadores. Os pesquisadores da FJP e do Dieese apuraram que, além da construção civil (15 mil vagas), houve aumento na ocupação dos principais setores analisados: indústria de transformação (4 mil), serviços (19 mil) e comércio e reparação de veículos (11 mil).
O aumento do emprego na Grande BH beneficiou setores como o varejo, uma das molas da economia da capital e região. Para ter ideia, o volume de vendas no comércio da capital saltou 9,17% no acumulado do ano passado. O índice está bem acima da estimativa para o pífio crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2012, que deve avançar 1% entre janeiro e dezembro.
“O varejo encontrou um cenário econômico bastante favorável. O desemprego caiu, o rendimento médio dos ocupados cresceu, houve expansão significativa do crédito e ainda acompanhamos a redução da taxa básica de juros (Selic)”, comemora o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci.
A empresária Maria Fernanda Patrus, dona da Mundo de Anna, no Bairro Floresta, loja especializada em bijuterias exclusivas e presentes criativos, apurou alta de 33% nas vendas nos últimos três meses de 2012. Ela revela parte do segredo de seu sucesso: “A loja funciona em uma casa e há cinco ambientes. Cada um com produtos específicos. A pessoa fica à vontade para escolher os presentes enquanto toma uma água de coco”.
Dezembro
O comércio, que este ano deve crescer 6,5%, segundo estima o presidente da CDL-BH, foi o campeão na geração de vagas em dezembro na Grande BH: 9 mil postos diretos. Ainda assim, levando-se em conta apenas dezembro do ano passado, a taxa de desemprego ficou em 5,3% na região metropolitana. Houve um aumento tanto em comparação com o mesmo mês de 2011 (5,2%) quanto em relação a novembro de 2012 (4,9%).
A explicação nesse caso é a mesma que esclarece o aumento da taxa de desemprego em nível nacional entre 2011 e 2012. Segundo os pesquisadores, a alta em relação a novembro na Grande BH ocorreu porque o número de pessoas ocupadas na região metropolitana aumentou 0,6% no confronto com novembro, acima do total de vagas abertas pelo mercado.
Na prática, o acréscimo no número de ocupações (13 mil, ou 0,6%) foi insuficiente para atender o universo de pessoas que buscou trabalho (23 mil, ou 1%), resultando no crescimento do indicador de desempregados (10 mil, ou 8,5%).
Renda deixa a desejar
O rendimento dos trabalhadores na Grande BH não teve desempenho satisfatório como o da taxa de desemprego. O rendimento médio real dos ocupados diminuiu 2,5%, entre 2011 e 2012, e o dos assalariados caiu 3,1%, seguindo a tendência de decréscimo que já havia sido registrada em 2011. No ano passado, a remuneração média dos ocupados foi estimada em R$ 1.460. A dos assalariados, por sua vez, em R$ 1.431, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Assim como na Grande BH, o rendimento médio real também diminuiu 3,8% na Grande Salvador, onde fechou o ano em R$ 1.071. Nas demais praças ocorreram aumentos: Fortaleza (4,9%, passando a valer R$ 1.030), São Paulo (4,2%, R$ 1.695), Recife (4%, R$ 1.121), Distrito Federal (3,8%, R$ 2.270) e Porto Alegre (0,6%, R$ 1.561), de acordo com os dados do Dieese.
O relatório do Dieese concluiu que, “entre 2011 e 2012, no conjunto das regiões pesquisadas, cresceram as massas de rendimentos reais de ocupados (4,6%) e assalariados (3,6%). Em ambos os casos, como resultado do aumento do nível de ocupação e do rendimento médio real”.
DOMÉSTICAS Segundo a pesquisa divulgada ontem, a categoria que obteve o maior rendimento médio, com percentual de 78,7%, foi a de empregados domésticos, seguida dos autônomos (41,5%). (PHL)
Fonte: Estdo de Minas