Analistas preveem temporada de inflação elevada no primeiro semestre

05 de Fevereiro de 2013
por: Mariana Carneiro

Analistas preveem uma temporada de pelo menos cinco meses de inflação elevada, perto do limite fixado pelo governo, apesar do corte do preço da energia e do adiamento dos reajustes das tarifas de ônibus.

Aumentos de alimentos e de serviços pressionaram a inflação em janeiro. O dado oficial sai na próxima quinta-feira, e a expectativa é que a inflação acumulada em um ano, encerrado em janeiro, tenha superado 6%.

A previsão de analistas é que permaneça nesse patamar pelo menos até maio.

 

Para Fábio Romão, economista da LCA Consultores, a temporada deve se estender até agosto, e a inflação alcançará o limite da meta (6,5%) em junho.

Além de retirar poder de compra dos consumidores, a inflação mais elevada por meses pode gerar especulações sobre possíveis reações do governo e do Banco Central.

"Será necessário sangue-frio no governo. Mais medidas, em vez de incentivo, podem aumentar a imprevisibilidade, e isso não é bom", diz André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual.

A temporada de inflação mais pressionada deve perder fôlego no segundo semestre, preveem economistas, e a inflação deve fechar o ano ao redor de 5,5%.

Analistas ouvidos na pesquisa semanal Focus, do BC, contudo, vêm elevando suas expectativas para o fechamento do ano há cinco semanas. Na medição divulgação ontem, a maioria projetava inflação de 5,68%.

 

  Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress  

 

INFLAÇÃO ESPALHADA

Para Adriana Molinari, da consultoria Tendências, essa correção vem sendo feita devido a sinais de que a inflação está mais espalhada.

Se os alimentos subiram 10% nos últimos 12 meses, segundo a prévia da inflação oficial de janeiro, outros itens também ficaram mais caros.

Molinari ressalta que 73% dos preços que compõem o IPCA (índice de preços da inflação oficial) subiram na prévia de janeiro --o mais elevado percentual desde 2003.

Despesas pessoais, grupo no qual estão serviços como empregada doméstica, são um dos que aceleraram.

O IPC-Fipe --índice de preços que monitora a inflação na cidade de São Paulo-- mostrou aumento de 2,42% do grupo em janeiro ante dezembro --a maior alta para o mês desde 2002.

Segundo André Perfeito, a alta é resultado do mercado de trabalho apertado. Mas a projeção para os serviços ao longo do ano é de moderação. Fábio Romão, da LCA, ressalta que o salário mínimo subiu menos em 2013 do que em 2012, e a renda deve crescer menos. "Muitos serviços corrigem seus preços em janeiro, há um efeito sazonal", diz.

Outro fator de pressão de alta da inflação é a retirada dos descontos do IPI sobre eletrodomésticos e veículos, que terão alíquota do imposto recomposta até julho.

Isso já afetou os preços de itens como automóveis em janeiro (alta de 0,70% na prévia da inflação oficial) e deverá retirar a contribuição de baixa da inflação que ocorreu em 2012.

 

ENERGIA AJUDA

Mas a antecipação do corte de energia elétrica para janeiro (era previsto para fevereiro) ajudou.

Como começou a vigorar no último dia 24, a redução fez analistas que tinham projeções de inflação acima de 0,9% no mês recuar as apostas para 0,85%. Em fevereiro, haverá nova contribuição de baixa, mas parte será anulada pelo reajuste dos preços dos combustíveis.

Ainda assim, analistas contam com a ajuda do câmbio para que a inflação volte para a casa dos 5%.

"O governo tem que evitar uma nova desvalorização do câmbio [alta do dólar em relação ao real]. No ano passado, isso afetou os preços. Se neste ano o câmbio não se mexer, já ajuda", diz Romão.

 

Fonte: Folha de SP

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