Menos calote, mais crédito para o consumidor

15 de Fevereiro de 2013
por: Deco Bancillon

A inadimplência do consumidor, que em 2012 foi uma das grandes preocupações dos bancos públicos e privados, pode virar neste ano um importante aliado do governo na difícil missão de estimular o cambaleante Produto Interno Bruto (PIB). Apesar de os dados divulgados nessa quinta-feira pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrarem alta de 11,8% na comparação entre janeiro e o mesmo mês do ano passado na lista de consumidores inscritos no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a avaliação da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff é de que essa maior alta dos calotes não se sustentará no restante do ano. “Se você observar o comportamento dos últimos meses e não só o de janeiro verá que a inadimplência está caindo. Então, com a tendência de recuperação do crescimento econômico mais forte em 2013, é muito provável que essa queda se aprofunde ao longo do ano”, disse o ministro da Fazenda interino, Nelson Barbosa.

Dentro do governo, a aposta é de que o menor nível de calotes abrirá espaço para que os bancos privados aumentem a concessão de crédito, estimulando, assim, o consumo interno. No ano passado, diante da uma inadimplência persistente, os empréstimos feitos pelas instituições financeiras aumentaram cerca de 8%, número considerado bastante tímido pelo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que chegou a afirmar, há duas semanas, que o avanço do crédito “foi insuficiente para estimular o crescimento da economia em 2012”.

NOME SUJO Na visão dos bancos, contribuiu para esse número baixo o fato de a inadimplência estar em alta há três anos consecutivos, o que interfere diretamente nas provisões feitas para precaver perdas com clientes maus pagadores. Pelo lado do comércio, o problema é ainda maior. Como o consumidor que deixa de honrar seus compromissos financeiros é inscrito na lista suja de devedores, ele fica proibido de efetuar novas compras. Com isso, além de amargar o calote, o comerciante acaba perdendo a chance de efetuar uma nova venda.

Foi o que ocorreu em janeiro deste ano. Endividado com as compras de Natal, o consumidor fechou a carteira. Com isso, as consultas registradas no banco de dados do SPC Brasil despencaram 24,5% na comparação com dezembro. Como cada consulta reflete a intenção de compra com cheques ou no crediário, geralmente feitas para financiamentos de eletrodomésticos ou bens de maior valor agregado, essa queda pode indicar que mais consumidores estejam decidindo postergar dívidas mais longas.

 “Acreditamos que um número em linha ou até mesmo um pouco mais baixo do que registramos em vendas no ano passado, de 6,75%, é excelente resultado para o ano” disse a economista do SPC Brasil, Ana Paula Bastos.

 

Fonte: Correio Braziliense

 

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