Usuários de ônibus fazem 115 reclamações todos os dias
Em uma cidade como Belo Horizonte, onde só há uma linha de metrô, cerca de 1 milhão de pessoas dependem diariamente dos ônibus. A falta de opção obriga as pessoas a conviverem com superlotação, atrasos e atendimento ruim. O reflexo é a média de 115 reclamações por dia nos canais da prefeitura e do Estado. Em 2012, foram 42.194 denúncias contra o serviço na capital e na região metropolitana.
O campeão de reclamações é o desrespeito aos pontos de embarque e desembarque. Foram 11.679 queixas só em Belo Horizonte, aumento de 1,8% em comparação com 2011. Em segundo lugar, aparece o desvio de conduta do motorista ou do cobrador, com 7.004 reclamações. O terceiro mais comum é o descumprimento do quadro de horário, com 6.528.
"Os problemas acontecem porque o contrato assinado entre a prefeitura e as empresas é muito focado em produtividade e pouco em qualidade", avaliou o professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Dimas Gazolla. Ainda segundo ele, muitos motoristas desrespeitam o ponto por conta da superlotação que afeta o transporte. "Aqui, as concessionárias admitem até sete passageiros por m², enquanto o recomendado é três ou quatro por m²."
Campeã. A reportagem de O TEMPO acompanhou por duas horas a rotina de motoristas, cobradores e usuários da linha 9250 (Caetano Furquim/Nova Cintra via Savassi), a campeã em reclamações, e encontrou ônibus lotados e filas nos pontos. "Todo dia é assim. Tem hora que não dá nem para entrar", afirmou a auxiliar de limpeza Rosimeire Santos, 29.
O diretor de Desenvolvimento e Implantação de Projetos da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Daniel Couto, considera o número de reclamações pequeno perto do número de usuários, mas informou que o órgão investe em tecnologia para monitorar os ônibus e também em cursos de qualificação profissional. Ele alertou, no entanto, que as denúncias não são sinônimo de punição para as empresas. "As reclamações servem para direcionar o trabalho dos fiscais, que multam em caso de descumprimento", disse.
"O ambiente de trabalho quem faz é a gente. O segredo é gostar do que faz e tratar todo mundo bem", afirmou.Barbosa já foi eleito pela BHTrans motorista-padrão. Ele conta que os passageiros mais frequentes costumam comemorar seus aniversários no ônibus e marcam também festas de fim de ano.
Retorno. O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER), responsável por fiscalizar os ônibus da região metropolitana, informou que todas as denúncias são apuradas por técnicos, que fazem também sugestões de melhorias para o sistema. (LC)