Mercado aposta na alta dos juros

19 de Fevereiro de 2013
por: Ana D`Angelo

 

Alexandre Tombini já manifestou preocupação com controle de reajustes  (Paulo de Araújo/CB/D.A Press - 27/9/11
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Alexandre Tombini já manifestou preocupação com controle de reajustes

 Depois da ressaca do carnaval, a semana começou mal para o governo, com as duas más notícias enviadas pelos investidores. Uma delas é que eles reduziram novamente a expectativa do crescimento econômico em 2013. A outra é que crescem as apostas de que as taxas de juros voltarão a subir no país já em abril. A pesquisa Focus divulgada nessa segunda-feira pelo Banco Central aponta que os analistas de mercado esperam agora avanço de 3,08% do Produto Interno Bruto (PIB), frente aos 3,09% da semana anterior e de 3,19% de um mês atrás.


Já a alta da taxa Selic em abril é esperada por 60% dos investidores, que negociaram ontem um volume recorde de 19.986 contratos no mercado futuro de juros atrelados à taxa média de DI (depósitos interfinanceiros). Na sexta-feira, 50% deles contavam com a alta da Selic. Eles acreditam que ela subirá pelo menos 0,25 ponto percentual em abril, passando de 7,25% para 7,5% ao ano.

Nem mesmo a divulgação do relatório Focus pela manhã apontando que os analistas reduziram a projeção para a inflação este ano, depois de seis semanas seguidas de revisão para cima, afetou a expectativa dos investidores quanto à trajetória dos juros. Segundo a pesquisa, os especialistas consultados esperam agora inflação anual de 5,7%. Na semana passada, a previsão era de 5,71%.

O motivo para o aumento da confiança de que a equipe econômica mexerá na principal bandeira da gestão da presidente Dilma Rousseff – dos menores juros da história do país – foi a declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na semana passada, de que a taxa de juros é o instrumento de controle da inflação, e não o câmbio.

Inflação

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na sexta-feira que antecedeu o carnaval, bateu 6,15% no acumulado de 12 meses, depois de atingir 0,86% em janeiro, espalhando o temor de que o controle do custo de vida será mais difícil do que o governo espera sem mexer nos juros. O presidente do BC, Alexandre Tombini, já havia assumido dias antes o desconforto com a insistente alta dos preços e que a inflação “preocupa a curto prazo”.

O economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini, reconhece que o governo vai fazer o que puder para evitar mexer na Selic mais baixa da história brasileira, mas ele não vê outra saída. “Será inevitável subir os juros”, afirmou. A dúvida que existe é em relação ao momento em que Mantega autorizará Tombini a elevar a Selic. Para Agostini, isso deve acontecer a partir de julho, “em doses bem moderadas”, o que já foi anunciado pela Austin desde outubro de 2012. “Pode ser que esse prazo seja encurtado. O mercado já fala em elevação a partir de abril”, comentou.

Mas o governo conta com uma correção para baixo das expectativas de inflação diante da perspectiva positiva para a safra agrícola este ano. A avaliação da área econômica é de que a produção esperada, principalmente de soja, arroz e milho, vai garantir uma descompressão do grupo alimentação e bebidas.

Dragão na rede

Os preços em sites de e-commerce aumentaram na passagem de dezembro para janeiro, de acordo com levantamento do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA). No mês passado o e-Flation subiu 2,99%, alta de 5,79 ponto porcentual em relação a dezembro (-2,80%) e de 4,17 p.p. sobre janeiro de 2012 (-1,18%). Oito categorias influenciaram o resultado em janeiro: eletrodomésticos (1,02%), eletroeletrônicos (0,78%), informática (0,36%), telefonia e celulares (+0,25%), CDs e DVDs (0,18%), livros (0,18%), medicamentos (0,16%) e brinquedos (0,09%). Na outra ponta, destaque para perfumes e cosméticos (-0,02%) e cine e fotos (-0,01%). 

Fonte: Estado de Minas

 

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