Depois de 10 meses, juro volta a subir no País

27 de Fevereiro de 2013
por: Victor Martins

Brasília – Após 10 meses seguidos de queda, os juros de financiamentos e empréstimos voltaram a subir para as famílias. Segundo os analistas, os bancos estão se antecipando à ameaça de uma possível alta da taxa básica (Selic) nos próximos meses. Somente entre dezembro e janeiro, os encargos médios cobrados dos consumidores no mercado livre – que não leva em conta o financiamento imobiliário – passou de 33,9% para 34,5% ao ano. Os dados do Banco Central mostram ainda que o crédito travou no primeiro mês de 2013 e o calote resiste a cair. Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, classificou o movimento de alta das taxas como natural. “É normal depois de 10 meses de queda apresentar alguma elevação. As taxas encontraram um novo nível”, explicou.

No crédito com recursos livres, que representam 59,1% de todas as operações do sistema bancário, o saldo total encolheu 0,7% no mês. As concessões caíram 9,5%. O volume de recursos liberados para as famílias também diminuiu, caiu 1% em janeiro e ficou em R$ 124,6 bilhões. Para Maciel, esses recuos no ritmo de concessão são temporários. “Há um forte fator sazonal em janeiro. No ano passado foi a mesma coisa”, justificou.

Entretanto, apesar da liberação de crédito ter esfriado no primeiro mês do ano, servidores públicos e beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) promoveram uma corrida a bancos e instituições financeiras. Com dívidas pesadas contraídas no fim de 2012 e os compromissos financeiros de início de ano, eles tomaram, juntos, R$ 10,4 bilhões em crédito consignado apenas em janeiro. No funcionalismo, esse tipo de empréstimo cresceu 22,3% no mês. Entre os aposentados e pensionistas, o avanço foi de 57%.

Além do empréstimo com desconto em folha, outras modalidades de crédito, só que com taxas maiores, também avançaram. Em janeiro, os brasileiros tomaram R$ 26,1 bilhões no cheque especial, modalidade que cobra juros de 138% ao ano. Concessões de crédito rotativo no cartão de crédito, o chamado pagamento mínimo, somaram R$ 22,3 bilhões, aumento de 3,9% ante dezembro.

Já o crédito para a aquisição de automóveis e de outros bens registrou queda expressiva no mês. Com o fim do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o segmento de veículos recuou 8,3%. Para itens de linha branca e outros bens, o tombo foi de 19,6% apenas em janeiro.

CALOTE A inadimplência das famílias no segmento de crédito com recursos livres está em 7,9%, praticamente estável desde janeiro do ano passado e em nível considerado elevado por especialistas. “Esse número ainda reflete os empréstimos e financiamentos feitos em 2011, quando o consumidor tomou crédito além do que conseguia pagar”, disse Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC).
 
 
Fonte: Estado de Minas

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