Depois de 10 meses, juro volta a subir no País
Brasília – Após 10 meses seguidos de queda, os juros de financiamentos e empréstimos voltaram a subir para as famílias. Segundo os analistas, os bancos estão se antecipando à ameaça de uma possível alta da taxa básica (Selic) nos próximos meses. Somente entre dezembro e janeiro, os encargos médios cobrados dos consumidores no mercado livre – que não leva em conta o financiamento imobiliário – passou de 33,9% para 34,5% ao ano. Os dados do Banco Central mostram ainda que o crédito travou no primeiro mês de 2013 e o calote resiste a cair. Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, classificou o movimento de alta das taxas como natural. “É normal depois de 10 meses de queda apresentar alguma elevação. As taxas encontraram um novo nível”, explicou.
No crédito com recursos livres, que representam 59,1% de todas as operações do sistema bancário, o saldo total encolheu 0,7% no mês. As concessões caíram 9,5%. O volume de recursos liberados para as famílias também diminuiu, caiu 1% em janeiro e ficou em R$ 124,6 bilhões. Para Maciel, esses recuos no ritmo de concessão são temporários. “Há um forte fator sazonal em janeiro. No ano passado foi a mesma coisa”, justificou.
Além do empréstimo com desconto em folha, outras modalidades de crédito, só que com taxas maiores, também avançaram. Em janeiro, os brasileiros tomaram R$ 26,1 bilhões no cheque especial, modalidade que cobra juros de 138% ao ano. Concessões de crédito rotativo no cartão de crédito, o chamado pagamento mínimo, somaram R$ 22,3 bilhões, aumento de 3,9% ante dezembro.
Já o crédito para a aquisição de automóveis e de outros bens registrou queda expressiva no mês. Com o fim do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o segmento de veículos recuou 8,3%. Para itens de linha branca e outros bens, o tombo foi de 19,6% apenas em janeiro.
CALOTE A inadimplência das famílias no segmento de crédito com recursos livres está em 7,9%, praticamente estável desde janeiro do ano passado e em nível considerado elevado por especialistas. “Esse número ainda reflete os empréstimos e financiamentos feitos em 2011, quando o consumidor tomou crédito além do que conseguia pagar”, disse Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC).