MG 'importa' cada vez mais gasolina de outros estados
28 de Fevereiro de 2013
por: Pedro Rcoha Franco
Diretora da Repelub, Juliana Martins diz que mesmo perto da refinaria de Betim tem de buscar derivado em unidade da Petrobras no Rio de Janeiro |
O levantamento mostra que, a partir de 2008, ano a ano vem aumentando a quantidade de gasolina proveniente de outros estados a ser consumida nos postos mineiros. Há cinco anos, menos de um quarto do volume total vinha de fora de Minas. Nesse caso, a procura era principalmente de regiões que fazem divisa com outros estados, por causa das bases que são abastecidas com derivados de petróleo de refinarias como a de Paulínia (SP) e a de Duque de Caxias (RJ). Além disso, quando feito o transporte por caminhão-tanque, em vez de se deslocar até Betim, onde está a Regap, as distribuidoras preferiam ir até as vizinhas para suprir essa necessidade. O benefício seria maior caso a alíquota do ICMS fosse mais baixa no estado vizinho.
Em 2010, houve um salto de consumo, tendo atingido a marca de 46,57% de gasolina originária de outras unidades da Federação. Mas, nesse caso, a explicação está em uma parada técnica da Regap. Por mais de um mês o processamento foi afetado, ficando aquém do necessário, o que obrigou as distribuidoras a captarem gasolina e derivados de petróleo fora do estado. No ano seguinte, esse fluxo recuou um pouco, para 40%, tendo em 2012 retornado ao nível próximo ao de 2010, o que se explica pelo aumento do consumo. Para este ano, a tendência é de que a “importação” ultrapasse a casa de 50%.
Diante da saturação da refinaria, a Petrobras inclusive teria feito reajustes como forma de incentivar esse fluxo para fora do estado, aumentando a diferença de preços, segundo a diretora da empresa Repelub Combustíveis, Juliana Vieira Martins. Ou seja, o ônus acaba sendo para o consumidor de todo o estado, uma vez que uma parte das empresas têm aumento de custo com logística e a outra parte paga produto mais caro na refinaria de Betim.
A diretora da empresa de revenda para atacado até dois anos atrás buscava gasolina e diesel somente na Regap, onde está a sede da distribuidora, mas de lá para cá tem sido mais vantajoso seguir até outros estados para adquirir combustível. Em média, segundo Juliana, o litro do diesel e da gasolina é R$ 0,08 mais barato em Duque de Caxias. Se considerado que o caminhão transporta 40 mil litros, a economia é de R$ 3,2 mil. “Buscaria todo o combustível fora de Minas se a minha frota comportasse, mas ainda não consigo e precisaria comprar mais caminhões”, afirma ela. Mas parte do valor economizado é perdido com as despesas de transporte para o percurso de quase 1 mil quilômetros. Como antes da saturação os preços nas refinarias eram bem parecidos, a empresa tinha economia exatamente na logística e podia buscar na Regap. Em contrapartida, as que permanecem buscando em Betim tiveram o aumento de custo com a elevação de preços.
Em 2010, houve um salto de consumo, tendo atingido a marca de 46,57% de gasolina originária de outras unidades da Federação. Mas, nesse caso, a explicação está em uma parada técnica da Regap. Por mais de um mês o processamento foi afetado, ficando aquém do necessário, o que obrigou as distribuidoras a captarem gasolina e derivados de petróleo fora do estado. No ano seguinte, esse fluxo recuou um pouco, para 40%, tendo em 2012 retornado ao nível próximo ao de 2010, o que se explica pelo aumento do consumo. Para este ano, a tendência é de que a “importação” ultrapasse a casa de 50%.
A diretora da empresa de revenda para atacado até dois anos atrás buscava gasolina e diesel somente na Regap, onde está a sede da distribuidora, mas de lá para cá tem sido mais vantajoso seguir até outros estados para adquirir combustível. Em média, segundo Juliana, o litro do diesel e da gasolina é R$ 0,08 mais barato em Duque de Caxias. Se considerado que o caminhão transporta 40 mil litros, a economia é de R$ 3,2 mil. “Buscaria todo o combustível fora de Minas se a minha frota comportasse, mas ainda não consigo e precisaria comprar mais caminhões”, afirma ela. Mas parte do valor economizado é perdido com as despesas de transporte para o percurso de quase 1 mil quilômetros. Como antes da saturação os preços nas refinarias eram bem parecidos, a empresa tinha economia exatamente na logística e podia buscar na Regap. Em contrapartida, as que permanecem buscando em Betim tiveram o aumento de custo com a elevação de preços.
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Oferta limitada Situação semelhante ocorre com a Ale Combustíveis. Desde setembro de 2011, a região de Montes Claros, no Norte de Minas, é suprida parcialmente pela Bahia. Aproximadamente metade do volume total vem de lá por meio de ferrovia. As áreas de influência de Betim também têm sido obrigadas a se deslocar até São Paulo para abastecer em alguns meses em que a oferta da refinaria mineira não é suficiente. Em dezembro foi feito esse fluxo e no mês que vem 20% deve vir de bases paulistas para a região de Betim. “Toda transferência gera custo adicional, uma vez que a operação é realizada por modal rodoviário; porém, procuramos minimizar o repasse desses custos para nossa revenda”, afirma o diretor de Operações da ALE, Eduardo Dominguez.
O diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Luciano Libório, explica que o sistema de refinarias e dutos da Petrobras não se fixa em divisas estaduais e que por questões geográficas algumas regiões do estado têm atendimento por polos de suprimento de São José dos Campos, Paulínia e Duque de Caxias. Respectivamente, recebem gasolina dessas localidades o Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Zona da Mata. “O que ocorreu nos últimos anos foi que esse fluxo de entrada de produtos de outros estados aumentou com o combustível da Bahia para abastecer o Norte do estado e um avanço maior no fluxo de produto do Rio e de São Paulo para Minas, dado o limite de capacidade de oferta na Regap”, afirma.
O resultado da equação é simples: “A consequência destes fluxos é o aumento do transporte rodoviário de cargas no estado a um custo logístico maior e mais demanda por infraestrutura de captação rodoviária nas bases, pela substituição de volumes de recebimento em dutos por caminhão”, afirma Libório.
Por e-mail, a Petrobras reafirma a integração do parque de refino de forma a atender todo o território. A companhia aponta que cinco refinarias de outros estados contribuem para o fornecimento de gasolina em Minas, além da Regap. Isso porque a unidade de Betim opera com capacidade de 151 mil barris/dia e “não existe, no momento, nenhum projeto significativo de aumento de sua capacidade”. Mas acrescenta que entre 2008 e 2012 “a Regap elevou sua produção de gasolina, o que permitiu aumentar as vendas em 26%, de modo a minimizar as transferências logísticas”, diz o texto.
O diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Luciano Libório, explica que o sistema de refinarias e dutos da Petrobras não se fixa em divisas estaduais e que por questões geográficas algumas regiões do estado têm atendimento por polos de suprimento de São José dos Campos, Paulínia e Duque de Caxias. Respectivamente, recebem gasolina dessas localidades o Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Zona da Mata. “O que ocorreu nos últimos anos foi que esse fluxo de entrada de produtos de outros estados aumentou com o combustível da Bahia para abastecer o Norte do estado e um avanço maior no fluxo de produto do Rio e de São Paulo para Minas, dado o limite de capacidade de oferta na Regap”, afirma.
O resultado da equação é simples: “A consequência destes fluxos é o aumento do transporte rodoviário de cargas no estado a um custo logístico maior e mais demanda por infraestrutura de captação rodoviária nas bases, pela substituição de volumes de recebimento em dutos por caminhão”, afirma Libório.
Por e-mail, a Petrobras reafirma a integração do parque de refino de forma a atender todo o território. A companhia aponta que cinco refinarias de outros estados contribuem para o fornecimento de gasolina em Minas, além da Regap. Isso porque a unidade de Betim opera com capacidade de 151 mil barris/dia e “não existe, no momento, nenhum projeto significativo de aumento de sua capacidade”. Mas acrescenta que entre 2008 e 2012 “a Regap elevou sua produção de gasolina, o que permitiu aumentar as vendas em 26%, de modo a minimizar as transferências logísticas”, diz o texto.
Refino registra déficit
A falta de investimento do governo federal na ampliação da capacidade de refino acaba por obrigar a Petrobras a importar combustíveis, o que no fim das contas acarreta diminuição dos recursos disponíveis para o pré-sal. O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, avalia que o déficit de refino do Brasil extrapola os problemas ao consumidor. Ele argumenta que a curto prazo a solução encontrada pela Petrobras tem sido importar gasolina, mas, pelo fato de o combustível ter uma tabela com preços inferiores aos do mercado internacional, acaba sendo comercializado a preços menores do que os que são pagos pela estatal.
A solução indicada pelo especialista: equilibrar o preço nacional com o internacional para, além de evitar perdas, atrair investidores. Nessa situação é o consumidor quem sente no bolso. “Na medida que existe barreira econômica, com os preços administrados pelo governo federal, você barra a vinda de investidores. Nisso, a Petrobras é obrigada a dispor de recursos para aumentar a capacidade de refino e deixa de investir no pré-sal”, afirma Pires.
A falta de investimento do governo federal na ampliação da capacidade de refino acaba por obrigar a Petrobras a importar combustíveis, o que no fim das contas acarreta diminuição dos recursos disponíveis para o pré-sal. O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, avalia que o déficit de refino do Brasil extrapola os problemas ao consumidor. Ele argumenta que a curto prazo a solução encontrada pela Petrobras tem sido importar gasolina, mas, pelo fato de o combustível ter uma tabela com preços inferiores aos do mercado internacional, acaba sendo comercializado a preços menores do que os que são pagos pela estatal.
A solução indicada pelo especialista: equilibrar o preço nacional com o internacional para, além de evitar perdas, atrair investidores. Nessa situação é o consumidor quem sente no bolso. “Na medida que existe barreira econômica, com os preços administrados pelo governo federal, você barra a vinda de investidores. Nisso, a Petrobras é obrigada a dispor de recursos para aumentar a capacidade de refino e deixa de investir no pré-sal”, afirma Pires.
Fonte: Estado de Minas