Dilma quer puxar rédeas do dragão

28 de Fevereiro de 2013
por: Rosana Hessel e Karla Correia

 

No 'conselhão': em seu discurso, governante tranquilizou o mercado (Iano  Andrade / CB/D.A Press) 

No "conselhão": em seu discurso, governante tranquilizou o mercado

Brasília – Com os preços em disparada ameaçando o aumento do poder de compra da nova classe média, a presidente Dilma Rousseff usou boa parte do seu discurso de quase 50 minutos aos membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) para reforçar que o governo não está sendo leniente no controle do maior dos tormentos dos brasileiros: a inflação. Também tentou tranquilizar o mercado de que não vai abandonar o tripé da política macroeconômica, composto por metas para inflação, taxa de câmbio flutuante e geração de superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública). “É um absurdo dizer que nós não mantemos todos os nossos compromissos com os pilares da estabilidade”, afirmou aos empresários reunidos ontem no Palácio do Planalto para a 40 ª reunião do “conselhão”.
Os empresários presentes na reunião não esconderam a preocupação com a inflação uma vez que o Banco Central deverá tentar contê-la com um novo aumento de juros. “Se houver um repique da inflação e o país tiver que usar os juros para contê-la com a política cambial atual estaremos dando um passo atrás. Isso tudo vai contra o desenvolvimento da indústria brasileira e da economia”, afirmou o presidente da Confederação da Indústria (CNI), Robson Andrade.
 

Enquanto o mercado espera a divulgação de um Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 1% em 2012, na sexta-feira, a inflação (de 6,2% em 12 meses) dá sinais de que vai superar o teto da meta (de 6,5% ao ano), aumentando a preocupação do mercado. “Manteremos a inflação sob controle e achamos que isso não só garante a capacidade de previsão do governo e dos empresários como também os ganhos dos empresários e dos trabalhadores. Mantemos a política de câmbio flexível e uma política de robustez fiscal”, destacou a presidente. Nos dois primeiros anos do governo Dilma, a economia brasileira teve o pior desempenho desde a crise de 2009.
Ao avaliar o cenário internacional, a governante afirmou que, neste ano, as perspectivas econômicas estão melhores. Diante disso, reiterou o convite aos empresários para participarem do programa de concessão em infraestrutura, que prevê R$ 470 bilhões em investimentos, dos quais cerca de R$ 250 bilhões só em logística. Também garantiu que está comprometida a aumentar a competitividade do país e que as medidas adotadas pelo governo, como desonerações da folha, redução do custo de energia e o programa de concessões, foram em direção ao aumento da eficiência e à redução dos gargalos que travam o crescimento. Ela ressaltou ainda que, para o Brasil ser uma nação desenvolvida, um país de classe média, é preciso cumprir uma trajetória de investimentos. “Queremos que a taxa de investimento seja de 25% (do PIB)”, afirmou.
No fim do evento, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, reconheceu que atingir essa taxa não será fácil. “A gente quer isso, mas é gradual, leva tempo. Este ano, devemos fechar em 18%, mas tentaremos fechar em 25% até o fim do mandato”, disse. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, essa será uma missão quase impossível, apesar de necessária, pois, há 20 anos o investimento varia entre 18% e 19%.

 

Fonte: Estado de Minas

 

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