Mesmo com pleno emprego no país há oferta de trabalho no exterior
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Há até pouco tempo, o tema oportunidades de trabalho no exterior remetia à imagem de estudantes e recém-formados dispostos a ocupar funções que raramente aceitariam no Brasil, quase sempre aquém das suas qualificações. Valia a pena pela experiência, pelo estudo de idiomas e também pela dinheiro extra. Com o crescimento econômico brasileiro nos últimos anos, a história tem tomado outro rumo. As taxas positivas de emprego e renda fazem com que a decisão de ir para fora seja mais amadurecida, considerando-se as reais possibilidades de desenvolvimento profissional mesmo para quem já tem experiência. Um exemplo disso é a demanda por enfermeiros na província canadense do Québec, que está divulgando entre os profissionais brasileiros as cerca de 28 mil vagas de trabalho na área que serão abertas nos próximos cinco anos. A remuneração anual é de cerca de US$ 51 mil (cerca de R$ 102 mil) para enfermeiros e US$ 61 mil (R$ 122 mil) para supervisores, para jornadas de trabalho de 36 horas semanais.
Segundo estimativas do Ministério da Saúde e dos Serviços Sociais (MSSS) da província, até 2015, o déficit de especialistas na função será superior a 7 mil profissionais. Ainda assim, o governo está de olho em pessoas de fato capacitadas. Os interessados devem ter curso superior completo, experiência profissional, idade preferencialmente até 35 anos e conhecimento de francês, idioma oficial da província (mais informações em www.imigrarparaquebec.ca e www.emploiquebec.net). Caso sejam aprovados, precisam passar por um estágio remunerado de curta duração exigido pela Ordem dos Enfermeiros do Québec.
Perla Haro Ruiz, assessora em promoção do Escritório de Imigração do Québec, explica que, mesmo com a nova realidade econômica brasileira, ainda há diferenciais como qualidade de vida, segurança e infraestrutura de serviços sociais voltados às famílias. De acordo com ela, a maioria dos brasileiros que passaram pelo processo de imigração ao Québec é formada por profissionais de enfermagem, tecnologia da informação, engenharias, administração e finanças. “Eles são bem-vindos tanto pela boa formação profissional e acadêmica como pela facilidade de integração na sociedade.”
O Brasil está na lista dos 25 principais países de maior afluência de emigrantes para o Québec e, entre eles, há os que vão com visto de trabalhador temporário, que ficam em média dois ou três anos, e os com visto de residente permanente, porque já estão convencidos do seu projeto de vida no exterior. Yuri Kristian Soares Furtado, dono de uma empresa de consultoria de tecnologia da informação, faz parte da primeira turma – dos que ficaram por um tempo –, mas tem planos de voltar para morar. “Trabalhei em uma empresa de assessoria em informática e o que vivi lá foi importante para a abertura do meu próprio negócio aqui. Porém, acredito que tenho mais chances de crescer lá, além de ter me identificado com a cultura e o povo.”
Momento Esse tipo de avaliação é importante para decidir se esse é o momento de sair do país. Para Sócrates Melo, diretor de operações da empresa de recrutamento Robert Half em Minas e no Rio, no atual cenário, é preciso entender como um trabalho no exterior vai agregar à carreira. “É importante avaliar o que tem de perspectiva aqui no Brasil e fazer a movimentação para fora de forma coerente. O profissional tem que ter uma visão fria e realista da oportunidade.” Para o diretor, ainda atrai o fato de a maior parte das matrizes das empresas estar no exterior. Trabalhar nas sedes permite, por exemplo, um contato maior com pessoas que tomam decisões dentro dos empreendimentos.
Além disso, o profissional brasileiro está sendo mais valorizado lá fora, já que os resultados do Brasil em termos de performance econômica nos últimos anos têm chamado a atenção. “Eles sabem quem são os profissionais que estão fazendo isso acontecer”, aposta Melo. Também é fundamental levar em conta o momento em que o profissional se encontra, o que ele quer e o que está disposto a passar para alcançar isso. “Se está no início de carreira, provavelmente quer trabalhar muito e se desenvolver profissionalmente. Ir para um lugar menos aquecido que o Brasil talvez não valha a pena. É diferente de quem tem família e se preocupa com qualidade de vida.”
Fonte: Estado de Minas