Pastor polemista presidirá comissão de Direitos Humanos

06 de Marco de 2013
BRASÍLIA. O pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC) foi escolhido ontem para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). Ele ficou conhecido por suas posições radicais e conservadoras em relação a homossexuais e a negros.

Antes da definição, o pastor criou em seu site oficial um abaixo-assinado, que já conta com aproximadamente 59 mil adesões, a seu favor. Ao mesmo tempo, um grupo de opositores criou no site Avaaz uma petição que, por sua vez, reúne 46 mil assinaturas contra a indicação.

Outros três parlamentares do PSC também disputaram a indicação: as deputadas Antônia Lúcia (PSC-AC) e Lauriete Rodrigues (PSC-ES) e o deputado Zequinha Amaro (PSC-PA), que também são pastores.

Eleito em 2010 para seu primeiro mandato de deputado federal, com 210 mil votos, Marco Feliciano, presidente da igreja Ministério Avivamento já declarou que o amor entre pessoas do mesmo sexo leva ao ódio, ao crime e à rejeição.

Em 2011, criou polêmica ao escrever, em seu perfil no Twitter que "os africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé" e que essa maldição é que explica o "paganismo, o ocultismo, misérias e doenças, como ebola" na África.

A presidência da CDHM é tradicionalmente ocupada pelo PT, que dessa vez, não a considerou prioridade.
A bancada petista optou por presidir a Comissão de Seguridade Social, além de ter o comando da de Constituição e Justiça e da de Relações Exteriores. Já o controla do colegiado de Direitos Humanos, por acordo, ficou a cargo do PSC, sigla aliada do Planalto.

Defesa. Após a definição, Feliciano, mais uma vez, negou ser homofóbico e racista, citou Martin Luther King para se defender de críticas e disse que a Câmara não voltará à "idade da pedra".

"Um dos maiores nomes dos direitos humanos do mundo foi também um pastor: Martin Luther King. (...) E foi um grande representante, um cristão convicto. E por que essa história não pode se repetir?".

Sobre sua atuação na comissão, o pastor prometeu ser democrático e disse: "Se houver manifestações contrárias, todas elas serão ouvidas porque o espaço democrático possibilita isso".
 
Repercussão
Entidades indicam retrocesso
 
A eleição do pastor Marco Feliciano (PSC) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados foi rebatida por entidades mineiras que militam em defesa dos direitos das minorias.

"A eleição dele é um enorme retrocesso, político e social. Ele é radical, já expôs isso. Para quem a gente vai apelar? Para essa comissão? É um lugar a menos para a gente ir", disse Osmar Rezende, presidente da ONG Libertos Comunicação, que defende os interesses LGBT. Ele acredita que muitas conquistas dos gays e lésbicas poderão ser perdidas com a nomeação.

Rezende critica ainda a posição do PT, que sempre defendeu os direitos humanos. "O PT abriu mão desta comissão para conquistar outras. Isso é trair o movimento LGBT".

O deputado Rômulo Viegas (PSDB), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas, também falou em retrocesso. "Pelo o que a imprensa tem noticiado, acho que foi uma escolha infeliz. O presidente dessa comissão deve, sobretudo, pregar a igualdade entre as pessoas, independentemente de sexo ou raça." Viegas acredita, porém, que, com a escolha, o colegiado será mais monitorado pela população. (Gustavo Prado e Raquel Gondim)
Fonte: O TEMPO

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