Dinheiro fácil, mas muito caro

14 de Marco de 2013
por: Paulo Nascimento
Flexibilidade e crédito fácil. Quem procura uma financeira para obter uma linha de financiamento ou realizar um empréstimo acaba sendo atraído pelas facilidades oferecidas pelas empresas ao cliente no que diz respeito ao acesso rápido ao dinheiro. No entanto, o perigo mora nas altas taxas de juros praticadas pelas instituições - os clientes devem ficar atentos.

De acordo com pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), as taxas de juros praticadas pelas financeiras para empréstimos pessoais foram de 6,94% ao mês, em fevereiro. Ao ano, a taxa chega a 123,71% - valor 137,6% maior que os juros das instituições bancárias.

No mesmo período, a taxa média de juros praticadas pelos bancos foi de 2,92% ao mês, ou 41,25% no ano. "As taxas são mais altas porque clientes de financeiras oferecem um risco de calote maior", afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos financeiros da Anefac, ressaltando que, ao solicitar um empréstimo no banco, o cliente é submetido a uma análise de crédito mais aprofundada, diferentemente do que ocorre nas financeiras.

"Nos bancos, o solicitante tem que ser cliente do banco para pedir empréstimo. Além disso, como os juros são mais baixos, a instituição não quer emprestar dinheiro para quem não pode pagar", completa Oliveira. Entretanto, nem sempre as taxas são tão elevadas. "Muitas pessoas pegam dinheiro nas exceções que praticam taxas não tão distantes dos bancos", lembra Oliveira.

Para a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) Ana Paula Bastos, o que leva a maioria das pessoas a recorrer a empréstimos em financeiras é a falta de planejamento com as finanças. "Uma situação de desespero. Quem precisa de dinheiro para uma emergência acaba tomando empréstimo sem analisar os reflexos para as finanças", diz.

A economista sugere àqueles clientes que não têm o nome no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e que atrasaram no pagamento dos empréstimos à financeira que recorram a outro empréstimo em banco para se regularizar.

"Seria uma troca de uma dívida mais cara por outra mais barata, visto que os juros praticados são bem distantes entre si", aconselha.

Crediário. Entre as modalidades de taxa de juros contabilizadas na pesquisa da Anefac, a única que demonstrou alta em fevereiro foi a de comércio. Os famosos crediários de loja elevaram suas taxas.
O diretor executivo da associação explica que isso ocorreu devido à alta no índice de inadimplência que, de forma geral, vem subindo, aumentando também a insegurança dos lojistas em relação aos consumidores que parcelam as compras no cartão da própria loja.







Dinheiro na mão
`Não me arrependo, paguei com tranquilidade´
A facilidade ao crédito e a falta de burocracia para oferecer o dinheiro foram os motivos que levaram a aposentada Vanderlaine Dias, 38, a buscar empréstimo em uma financeira. "Recorri ao banco de que sou cliente e, mesmo com o nome ‘limpo’ na praça, não consegui nem mesmo o crédito consignado", explica.

Após algumas tentativas sem sucesso na obtenção do empréstimo, Vanderlaine foi a uma financeira e afirma ter conseguido o valor no mesmo dia. "Tenho costume de pegar dinheiro emprestado em banco, mas é curioso porque, quando não era aposentada, nunca tive problemas. Agora que conto com o amparo social do governo, não consigo mais crédito no banco em que já possuo minha conta", diz.

A aposentada ainda está pagando o empréstimo de R$ 480, que parcelou em oito vezes, e conta que não se complicou com as taxas de juros. "Peguei o dinheiro porque precisava quitar uma dívida de R$ 1.000. Não me arrependo, paguei com tranquilidade, e pegaria emprestado novamente, se fosse necessário, com as mesmas condições de pagamento", conclui.

Para o diretor executivo de estudos financeiros da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, quem está em busca de um empréstimo pessoal deve consultar atentamente as ofertas do mercado, avaliando as taxas de juros praticadas entre as próprias financeiras. "A variação da taxa de juros oscila bastante entre as instituições", avalia. (PN)

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