Banco Central deve elevar Selic em maio
Brasília - O Banco Central (BC) deve elevar a taxa básica de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para maio, de acordo com a pesquisa semanal Focus, realizada pela instituição financeira com cerca de cem economistas. Até a semana passada, a expectativa era que os juros começassem a subir apenas em outubro.
De acordo com o novo levantamento, a taxa será mantida nos atuais 7,25% ao ano na próxima reunião do Copom, nos dias 16 e 17, e subirá para 7,50% no fim de maio. Os economistas também elevaram a projeção para a Selic no fim de 2013, de 8% para 8,25% ao ano, e no término de 2014, de 8,25% para 8,50% ao ano.
As mudanças foram motivadas pela divulgação da ata da reunião do Copom de março, na qual o BC mostrou maior preocupação com a inflação, mas disse que agirá com cautela em relação à política de juros. A divulgação do documento dividiu o mercado. Embora a pesquisa indique que o ciclo de aperto monetário começará em breve, parte dos economistas avalia que a instituição só mexerá na taxa básica se a inflação continuar a surpreender para cima ou se houver sinais mais claros em relação à sustentação da retomada econômica.
"Os comunicados recentes deixam as portas abertas para uma eventual alta da taxa de juros", diz o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani. "O momento do início do ajuste, no entanto, parece estar associado mais ao comportamento da atividade que aos riscos inflacionários." Padovani projeta alta dos juros no segundo semestre de 2013, alcançando 8,50% ao fim do ano.
O levantamento de ontem também trouxe queda na previsão de inflação para 2013, de 5,82% para 5,73%, mas alta na estimativa para 2014, de 5,50% para 5,54%. A inflação acumulada em 12 meses está em 6,31% e pode passar o teto da meta, que é de até 6,5%, em março, para recuar no segundo semestre.
Um dos fatores que podem levar o BC a manter os juros no patamar atual por mais tempo é a recuperação ainda lenta da economia brasileira. A previsão de crescimento para 2013 recuou de 3,10% para 3,03% na pesquisa Focus. Para 2014, a estimativa de expansão segue em 3,50%.
Câmbio - A mediana das projeções para a taxa de câmbio no fim de 2013 segue em R$ 2,00 nas estimativas dos analistas consultados na pesquisa divulgada ontem. Para o fim de 2014, a mediana caiu de R$ 2,06 para R$ 2,05. Há quatro semanas estava em R$ 2,05.
Na mesma pesquisa, o mercado financeiro reduziu a previsão para a taxa média de câmbio em 2013 de R$ 2,00 para R$ 1,99. Para 2014, a projeção segue em R$ 2,05. Há um mês, a pesquisa apontava que a expectativa de dólar médio estava em R$ 2,01 neste ano e R$ 2,05 no próximo.
Para o fim de março, a estimativa passou de R$ 1,98 para R$ 1,97 Para abril, segue em R$ 1,98. A mediana das projeções para o câmbio dos analistas do Top 5 médio prazo para o fechamento de 2013 segue em R$ 2,00. Para 2014, segue em R$ 2,02.
IGP-DI - A projeção para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) em 2013 caiu de 5,03% para 4,99%. Para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que corrige a maioria dos contratos de aluguel, a expectativa segue em 5,17%. Quatro semanas atrás, o mercado previa altas de 5,18% para o IGP-DI e de 5,21% para o IGP-M. Para 2014, a projeção para o IGP-DI segue em 5% há 32 semanas. Para o IGP-M, caiu de 5,31% para 5,28%. Quatro semanas antes, estava em 5,20%.
A pesquisa também mostrou que a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em 2013 caiu de 5,16% para 5,15%. Há um mês, a expectativa dos analistas era de alta de 5,30% para o índice que mede a inflação ao consumidor em São Paulo. Para 2014, a projeção recuou de 4,95% para 4,90%. Há quatro semanas estava em 4,95%.
Economistas reduziram ainda a estimativa para o aumento do conjunto dos preços administrados - as tarifas públicas - para 2013 de 3,30% para 3,20%. Para 2014, a projeção recuou de 4,35% para 4,20%. Há quatro semanas, as projeções eram de, respectivamente, 3,40% e 4,35%.
Fonte: Agência Estado