Declaração de Dilma sobre inflação assusta mercado
28 de Marco de 2013
Durban, África do Sul. A presidente Dilma Rousseff disse ontem não concordar com políticas que reduzem o crescimento para combater a inflação. A declaração foi feita em reunião dos Brics (grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
A presidente afirmou também que é contra "esse receituário que quer matar o paciente para acabar com a doença". A afirmação, feita na África do Sul, ocorreu a um dia da divulgação do relatório de inflação - o mercado espera o documento para confirmar quando o Banco Central irá aumentar os juros.
A declaração repercutiu negativamente no mercado financeiro: as taxas de juros futuros negociadas na BM&FBovespa fecharam em queda e as apostas de elevação da taxa básica de juros nacional - a Selic, atualmente em 7,25% ao ano - foram reduzidas. A maior parte do mercado acreditava que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) poderia voltar a subir a Selic já em sua próxima reunião, em abril, pressionado pelo avanço da inflação no país.
Desmentido. Mais tarde, a presidente disse que houve "interpretações equivocadas" de seus comentários. "Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo", disse a presidente ao Blog do Planalto, um dos canais de comunicação da Presidência da República.
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, também veio a público para prestar esclarecimentos e garantir que não há tolerância no governo com a inflação. Em entrevista à imprensa, ele afirmou que "qualquer implicação na fala dela (Dilma), de que há tolerância com a inflação, é uma interpretação equivocada".
Segundo Tombini, a presidente mencionou que "o governo não sacrificará o crescimento para colocar inflação no lugar, porque isso não é necessário". Em seguida, reafirmou a consistência da política monetária. "Se e quando for preciso usar o instrumento de política monetária para o controle da inflação, isso ocorrerá." O presidente do Banco Central negou-se a comentar o comportamento da inflação.
Patamar histórico. No início deste mês, o Copom manteve o juro básico da economia brasileira em 7,25% ao ano, que é o menor patamar histórico. Foi a terceira reunião seguida do Copom em que a taxa foi mantida. O último corte (de 7,5%) ocorreu em outubro de 2012.

A presidente afirmou também que é contra "esse receituário que quer matar o paciente para acabar com a doença". A afirmação, feita na África do Sul, ocorreu a um dia da divulgação do relatório de inflação - o mercado espera o documento para confirmar quando o Banco Central irá aumentar os juros.
A declaração repercutiu negativamente no mercado financeiro: as taxas de juros futuros negociadas na BM&FBovespa fecharam em queda e as apostas de elevação da taxa básica de juros nacional - a Selic, atualmente em 7,25% ao ano - foram reduzidas. A maior parte do mercado acreditava que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) poderia voltar a subir a Selic já em sua próxima reunião, em abril, pressionado pelo avanço da inflação no país.
Desmentido. Mais tarde, a presidente disse que houve "interpretações equivocadas" de seus comentários. "Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo", disse a presidente ao Blog do Planalto, um dos canais de comunicação da Presidência da República.
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, também veio a público para prestar esclarecimentos e garantir que não há tolerância no governo com a inflação. Em entrevista à imprensa, ele afirmou que "qualquer implicação na fala dela (Dilma), de que há tolerância com a inflação, é uma interpretação equivocada".
Segundo Tombini, a presidente mencionou que "o governo não sacrificará o crescimento para colocar inflação no lugar, porque isso não é necessário". Em seguida, reafirmou a consistência da política monetária. "Se e quando for preciso usar o instrumento de política monetária para o controle da inflação, isso ocorrerá." O presidente do Banco Central negou-se a comentar o comportamento da inflação.
Patamar histórico. No início deste mês, o Copom manteve o juro básico da economia brasileira em 7,25% ao ano, que é o menor patamar histórico. Foi a terceira reunião seguida do Copom em que a taxa foi mantida. O último corte (de 7,5%) ocorreu em outubro de 2012.

Novo banco
Líderes apresentam `FMI dos Brics´
Durban, África do Sul. Os Brics devem anunciar hoje o primeiro resultado concreto desde que o grupo foi oficialmente criado, em 2006: o "FMI dos Brics". A presidente Dilma Rousseff, ao lado dos líderes da Rússia, Índia, África do sul e China, deve apresentar o Arranjo de Reservas Contingenciais, uma espécie de cheque especial no valor de US$ 100 bilhões, para ser usado em crises financeiras. O arranjo seria uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional.
Na visão do governo, essa seria uma prova de que o Brics é uma organização que dá resultados concretos. O arranjo de reservas é semelhante ao acordo entre Japão, China e países asiáticos, de US$ 250 bilhões.
O FMI dos Brics poderá ser acionado quando houver uma crise de liquidez e o país tiver dificuldades para financiar suas necessidades porque não consegue crédito internacional.
Para empréstimos de mais de 20% do valor da cota a que tem direito cada país, o FMI atuará como consultor para avaliar a saúde financeira do país, mas não terá nenhum papel na governança do banco.
Segundo fontes do governo, a criação do arranjo e do banco dos Brics não têm nada a ver com o acirramento da crise europeia, pois vêm sendo negociados há mais de dez meses.
O arranjo contingencial é um pool de reservas mas apenas dos Brics e para os Brics. O próximo passo será a criação do banco dos Brics, que seria uma alternativa ao banco Mundial. Mas sua constituição do banco é mais complicada e pode demorar a sair do papel.
Na visão do governo, essa seria uma prova de que o Brics é uma organização que dá resultados concretos. O arranjo de reservas é semelhante ao acordo entre Japão, China e países asiáticos, de US$ 250 bilhões.
O FMI dos Brics poderá ser acionado quando houver uma crise de liquidez e o país tiver dificuldades para financiar suas necessidades porque não consegue crédito internacional.
Para empréstimos de mais de 20% do valor da cota a que tem direito cada país, o FMI atuará como consultor para avaliar a saúde financeira do país, mas não terá nenhum papel na governança do banco.
Segundo fontes do governo, a criação do arranjo e do banco dos Brics não têm nada a ver com o acirramento da crise europeia, pois vêm sendo negociados há mais de dez meses.
O arranjo contingencial é um pool de reservas mas apenas dos Brics e para os Brics. O próximo passo será a criação do banco dos Brics, que seria uma alternativa ao banco Mundial. Mas sua constituição do banco é mais complicada e pode demorar a sair do papel.
Fonte: O TEMPO