Vendas de imóveis caem e forçam queda dos juros

04 de Abril de 2013
por: Pedro Grossi
Desde o ápice do boom da construção civil, em 2010, até o final do ano passado e início deste ano, o volume de vendas de imóveis novos em Belo Horizonte caiu 84,2% - queda que foi acompanhada, embora em ritmo bem menor, pelas taxas de juros de financiamentos. Com menos compradores, os bancos e financeiras reduziram os juros, de fevereiro para março, em 27,21% para imóveis construídos e 38,46% para imóveis na planta, segundo dados do Ipead/UFMG.

A valorização anual nos preços dos imóveis residenciais, que encostou em 20% em 2010, despencou para 3,6% na virada deste ano. Também houve redução no número de lançamentos. Em dezembro de 2011, foram 563 imóveis lançados e, em dezembro do ano passado apenas 72. Hoje, embora os preços dos imóveis estejam subindo num ritmo menor, a variação ainda supera em quase 2 pontos percentuais a inflação dos últimos 12 meses. A variação foi de 8,25% enquanto a inflação acumulada nos últimos 12 meses atingiu 6,31%.

Esse cenário, de juros e vendas caindo e de preços ainda altos, sinaliza uma acomodação do mercado e um momento de equilíbrio, após anos de euforia. "O fato é que está acontecendo uma acomodação nos preços e no setor. Tudo agora está em um ritmo normal: a demanda, a velocidade das vendas e as contratações", avalia o coordenador sindical do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Daniel Furletti.

O consultor e professor de Finanças do Ibmec-MG Eduardo Coutinho lembra que os movimentos nas taxas de juros ultrapassam a lei de oferta e procura do próprio mercado. "Além de o governo ter criado uma política habitacional muito forte, há uma ação de queda de juros tanto da taxa básica (Selic) quanto dos índices cobrados pelos bancos públicos". Para ele, não há mistério para entender o atual retrato do mercado imobiliário na capital: acomodação após período de explosão.

O desafio, de acordo com o especialista, é tentar antecipar os próximos meses. "Com os juros caindo, as vendas caíram e a alta de preços desacelerou. Com a alta dos juros, é difícil imaginar o que pode acontecer com os preços dos imóveis", diz. Para ele, o Banco Central deverá aumentar a Selic para conter a inflação, o que deverá trazer reflexos para o setor.



 
Indicadores
Atividade está em desaceleração
 
Brasília. Em busca de uma resposta mais precisa para a dúvida sobre se o Brasil vive ou não uma bolha imobiliária, o Banco Central (BC) divulgou ontem, pela primeira vez, um novo índice que apontou moderação na valorização dos imóveis no Brasil. De acordo com o BC, os dados do novo indicador reforçam a avaliação de que não há bolha no mercado imobiliário.

O fenômeno conhecido como bolha acontece quando os preços crescem e depois perdem valor de maneira radical, provocando uma desorganização do sistema. O indicador do BC mostrou que alta dos preços desacelerou de 20% em 2010 para uma taxa anual de 3% em janeiro de 2013. Na avaliação do diretor do BC Anthero Meirelles, o patamar atual dos preços se encontra "equilibrado". Segundo ele, o índice vai ajudar o BC a fazer uma análise sobre a variação na estrutura de preços dos imóveis no Brasil e auxiliar na definição de políticas prudenciais.
Fonte: O TEMPO
 

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