Leite vai ser o `novo´ tomate
16 de Abril de 2013
por: Ana Paula Pedrosa e Queila Ariadne
O leite deve tomar, em breve, o lugar do tomate como vilão da inflação. O produto nem chegou na entressafra - o período de escassez começa em maio - e já subiu 1,76% em março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado dos últimos 12 meses, a alta é bem menor, de 0,93%, o que indica que a tendência de alta é mesmo recente e deve continuar, afirma o diretor-executivo do Sindicato da da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira.
"A tendência natural é que o preço suba na entressafra e, neste ano, teremos outras influências além da entressafra", diz ele, para explicar que a alta do produto em 2013 será maior do que em anos anteriores. De acordo com Moreira, desde 2012 os custos de produção estão subindo muito e a indústria vem absorvendo parte desses aumentos, o que não será mais possível. "O que está represado, vai ser repassado ao consumidor", alerta.
No ano passado, o preço dos grãos foi o principal fator de alta no custo de produção. Com quebra de safra nos centros produtores, a mercadoria - que serve de matéria prima para a ração animal - ficou mais cara. Ao mesmo tempo, o período seco mais intenso tornou os pastos mais escassos e obrigou o produtor a usar mais suplementos na alimentação do rebanho.
Antecipação. O coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, ressalta que os preços já começaram a ficar mais caros. "Em janeiro, o preço do litro pago ao produtor em Minas era de R$ 0,89, em fevereiro R$ 0,91, em março R$ 0,93 e, agora, tenho notícia de que já superou R$ 1 em algumas regiões", diz.
Ele explica que como a produção é reduzida na entressafra, a indústria busca garantir sua cota de mercadoria pagando mais ao produtor. E esse medo de ficar sem leite suficiente tem feito a indústria antecipar o aumento do produto na ponta. Segundo Vilela, a oferta ainda não começou a cair, o que deve acontecer a partir do mês que vem, quando começa a entressafra.
Entretanto, ele explica que, para garantir a entrega da matéria-prima, as empresas já estão remunerando melhor os produtores desde já. "Vai acontecer um repique de preços agora, mas não se sustentará a longo prazo", avalia Vilela.
O diretor-sócio da MB Agro, consultoria especializada em agronegócio, José Carlos Hausknecht, afirma que o leite vai pressionar os índices da inflação, mas a alta não chegará a ser tão assustadora quando a do tomate, que subiu 122,13% no acumulado de 12 meses até março.
"Não será nada que se compare ao tomate, que foi uma alta mais pontual. No caso do leite, o aumento vai ser menor, mas deve durar mais tempo", destaca.
"A tendência natural é que o preço suba na entressafra e, neste ano, teremos outras influências além da entressafra", diz ele, para explicar que a alta do produto em 2013 será maior do que em anos anteriores. De acordo com Moreira, desde 2012 os custos de produção estão subindo muito e a indústria vem absorvendo parte desses aumentos, o que não será mais possível. "O que está represado, vai ser repassado ao consumidor", alerta.
No ano passado, o preço dos grãos foi o principal fator de alta no custo de produção. Com quebra de safra nos centros produtores, a mercadoria - que serve de matéria prima para a ração animal - ficou mais cara. Ao mesmo tempo, o período seco mais intenso tornou os pastos mais escassos e obrigou o produtor a usar mais suplementos na alimentação do rebanho.
Antecipação. O coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, ressalta que os preços já começaram a ficar mais caros. "Em janeiro, o preço do litro pago ao produtor em Minas era de R$ 0,89, em fevereiro R$ 0,91, em março R$ 0,93 e, agora, tenho notícia de que já superou R$ 1 em algumas regiões", diz.
Ele explica que como a produção é reduzida na entressafra, a indústria busca garantir sua cota de mercadoria pagando mais ao produtor. E esse medo de ficar sem leite suficiente tem feito a indústria antecipar o aumento do produto na ponta. Segundo Vilela, a oferta ainda não começou a cair, o que deve acontecer a partir do mês que vem, quando começa a entressafra.
Entretanto, ele explica que, para garantir a entrega da matéria-prima, as empresas já estão remunerando melhor os produtores desde já. "Vai acontecer um repique de preços agora, mas não se sustentará a longo prazo", avalia Vilela.
O diretor-sócio da MB Agro, consultoria especializada em agronegócio, José Carlos Hausknecht, afirma que o leite vai pressionar os índices da inflação, mas a alta não chegará a ser tão assustadora quando a do tomate, que subiu 122,13% no acumulado de 12 meses até março.
"Não será nada que se compare ao tomate, que foi uma alta mais pontual. No caso do leite, o aumento vai ser menor, mas deve durar mais tempo", destaca.
Selic
Mercado crê em juros mantidos
SÃO PAULO. Mesmo com a inflação tendo estourado o teto da meta definida pelo Banco Central em março, o mercado manteve a convicção de que a autoridade monetária não vai subir a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para frear a alta dos preços pelo menos no curto prazo.
Segundo o Boletim Focus divulgado ontem pelo BC, o mercado projeta que a Selic seja mantida em 7,25% ao ano na reunião desta semana do Copom.
No médio e longo prazos, no entanto, a projeção do mercado é de alta da taxa básica de juros: para 7,75% ao ano na reunião de maio e para 8,50% até o fim do ano. Roberto Padovani, economista chefe da Votorantim Corretora, avalia que a alta de juros será antecipada para esta semana.
Segundo ele, declarações recentes de membros do governo e, principalmente, do BC, indicam o início de alta de juros para esta semana.
Segundo o Boletim Focus divulgado ontem pelo BC, o mercado projeta que a Selic seja mantida em 7,25% ao ano na reunião desta semana do Copom.
No médio e longo prazos, no entanto, a projeção do mercado é de alta da taxa básica de juros: para 7,75% ao ano na reunião de maio e para 8,50% até o fim do ano. Roberto Padovani, economista chefe da Votorantim Corretora, avalia que a alta de juros será antecipada para esta semana.
Segundo ele, declarações recentes de membros do governo e, principalmente, do BC, indicam o início de alta de juros para esta semana.
Alta de preços
Governo federal está tranquilo
SÃO PAULO. Na iminência de uma retomada do ciclo de alta de juros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a inflação não vai precisar ser debelada com um "tiro de canhão" como na história recente do país. "Pode ser de metralhadora, se necessário", disse. Ele frisou que não estava opinando sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa hoje, mas sobre uma mudança estrutural nos juros.
Mantega afirma que a inflação está sob controle e que "o que está na boca do povo é o tomate" e não uma alta generalizada de preços. Um dos principais defensores do câmbio desvalorizado, o ministro admite que o governo promoveu uma depreciação do real, que elevou em até 0,5 ponto porcentual o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para o ministro, a principal meta do governo Dilma, que é transformar os investimentos na mola propulsora da economia, será atingida no ano eleitoral. "Os investimentos vão bombar em 2014", Para o ministro, o que está na boca do povo é o tomate, não a inflação.
"O comportamento dos preços neste começo de ano tem sido parecido com o dos últimos oito anos. Tivemos choques nos preços das commodities, o que não nos deixa tristes, já que somos grandes exportadores de produtos básicos, mas é claro que há reflexo na inflação. No ano passado, tivemos nos Estados Unidos e no Brasil uma seca. Além disso, fizemos uma desvalorização cambial, que também é inflacionária, tendo efeito de algo como 0,4 ou 0,5 ponto porcentual no IPCA", disse.
Mantega afirma que a inflação está sob controle e que "o que está na boca do povo é o tomate" e não uma alta generalizada de preços. Um dos principais defensores do câmbio desvalorizado, o ministro admite que o governo promoveu uma depreciação do real, que elevou em até 0,5 ponto porcentual o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para o ministro, a principal meta do governo Dilma, que é transformar os investimentos na mola propulsora da economia, será atingida no ano eleitoral. "Os investimentos vão bombar em 2014", Para o ministro, o que está na boca do povo é o tomate, não a inflação.
"O comportamento dos preços neste começo de ano tem sido parecido com o dos últimos oito anos. Tivemos choques nos preços das commodities, o que não nos deixa tristes, já que somos grandes exportadores de produtos básicos, mas é claro que há reflexo na inflação. No ano passado, tivemos nos Estados Unidos e no Brasil uma seca. Além disso, fizemos uma desvalorização cambial, que também é inflacionária, tendo efeito de algo como 0,4 ou 0,5 ponto porcentual no IPCA", disse.
Previsões
Boletim Focus, do BC:
Juros
2013: 7,50%
2014: 8,50%
IPCA
2013: 5,68%
2014: 5,70%
Crescimento do PIB
2013: 3%
2014: 3,5%
Dólar
2013: R$ 2
2014:R$ 2,05
Juros
2013: 7,50%
2014: 8,50%
IPCA
2013: 5,68%
2014: 5,70%
Crescimento do PIB
2013: 3%
2014: 3,5%
Dólar
2013: R$ 2
2014:R$ 2,05
Fonte: O TEMPO