Calote é o menor em 5 anos
A taxa de inadimplência e o endividamento das famílias de Belo Horizonte caíram no mês de abril em relação a março. Outra boa notícia é que há um número menor de pessoas com a renda futura comprometida com financiamentos. Dados da Pesquisa de Endividamento do Consumidor (PEC), realizada pela Federação do Comércio, de Bens e Serviços de Minas Gerais (Fecomércio/Minas), no mês de abril, indicam também que o nível de inadimplência na Capital (3,3%) é o menor registrado desde 2008. O percentual de consumidores com algum tipo de compromisso financeiro para ser pago nos próximos meses caiu de 51%, em março, para 48,5% no mês seguinte. Mas o quadro evoluiu muito, já que há um ano, em abril de 2012, a PEC da Fecomércio mostrava que 72,9% das famílias tinham algum tipo de financiamento para quitar ao longo do ano.
Na análise do economista da Fecomércio, Gabriel de Andrade Ivo, dois fatores explicam este comportamento: o consumidor de Belo Horizonte está assustado com a inflação e o baixo crescimento da economia, além de passar por um processo de conscientização em relação ao crédito. " um medo bem fundamentado o da inflação, as pessoas devem se prevenir até saber como ficará a economia", aconselha. A mudança de postura do belo-horizontino começou a aparecer, lembra Ivo, em meados do ano passado, quando a inadimplência e o endividamento deixaram de aumentar e deram mostras de recuo.
Mas 2012, ressalta o economista, foi um ano atípico em se tratando de endividamento. A disponibilidade de crédito e os incentivos do governo, como a redução do Imposto sobre produtos Industrializados (IPI) para carros e para a linha branca, levaram as pessoas a consumirem mais do que tinham capacidade de pagar, principalmente as classes C e D. "As desonerações eram para estimular um setor que acabou não respondendo, a indústria. Ela não cresceu em 2012, mas a população se endividou", pondera o economista.
Comprometimento - Ainda que a tendência esteja sendo de queda, há um grande percentual de famílias com dívidas que vão consumir boa parte de suas rendas. A pesquisa mostra que os compromissos financeiros absorvem entre 10% a 30% da renda familiar de 44% dos entrevistados, indicador acima dos 40,7% apurados na pesquisa de março. um dado que aponta a administração da dívida, com compromissos que podem ser quitados a médio prazo. Indicador que gera mais apreensão, por sinalizar certa dose de descontrole das finanças, é o que mostra que 40,3% dos entrevistados estão com a renda comprometida acima dos 30%, percentual que não caiu em relação a março (40,2%). Esses podem ter dificuldades para manter os compromissos em dia.
Outra constatação da pesquisa é o aumento da participação do cartão de crédito nos parcelamentos. Eles foram responsáveis por 52% dos compromissos financeiros das famílias em março, percentual que chegou a 58% em abril. Mas chama ainda mais a atenção constatar que os financiamentos de carros quase dobraram de um mês para o outro, passando de 6,6% para 11,5%. Também aumentaram os financiamentos de imóveis (2% para 2,8%) e os empréstimos consignados (de 1% para 1,2%). Todos os demais tipos de financiamentos caíram: carnê de loja (de 4% para 3,5%), empréstimos com familiares/amigos (de 7,3% para 3,6%), cartão de loja (de 12,6% para 9,9%), cheque pré-datado (de 1% para 0,8%), empréstimos em bancos (9,3% para 4,7%), cheque especial (de 3% par 2,8%) e empréstimos em financeiras (de 1,3% para 1,2%).
Houve recuo também nas taxas de consumidores com contas em atraso. No mês de abril este índice correspondeu a 15,4% ante 18,9% em março. Mas foi a primeira queda do ano de 2013, que começou com um percentual de 11,2% de contas atrasadas, índice que em fevereiro foi para 13,8%. O mais preocupantes nesta situação é que 43,3% dos consumidores que estão deixando de quitar seus compromissos estão inadimplentes, ou seja, o atraso de suas contas é superior a 91 dias.
Fonte: Diário do Comércio