Após a Copa, BH pode ter 17,8 mil leitos ociosos nos hotéis
Se todos os 43 novos hoteis previstos para 2014 forem inaugurados, quando a Copa passar vão sobrar 17.800 leitos vagos em Belo Horizonte. A conta leva em consideração a previsão de novas unidades e a atual taxa média de ocupação da hotelaria. Hoje, a capital conta com 17.921 leitos, mas usa 13.440.
"A taxa média de ocupação atual é de 75%. Se depois da Copa do Mundo não houver incentivo a novos eventos, os hotéis ficarão com oferta maior do que a demanda. Hoje já sobram leitos e vão sobrar ainda mais", afirma a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-MG), Rafaela Fagundes.
Segundo balanço da Secretaria Municipal Extraordinária da Copa do Mundo, estão previstos 31.240 leitos. Se a demanda continuar nos mesmos 13.440 leitos, sobrarão 17.800. O total de vagas ociosas será 297,23% a mais do que o atual. Hoje sobram 4.481 leitos de hotéis da capital. "Esse é o medo do setor. Nós trabalhamos e corremos atrás, mas chega um momento em que deve ser feito um investimento pesado para conseguir resultados. Para atrair eventos, é preciso construir mais centros de convenções", ressalta Rafaela.
Para se ter ideia se a oferta de hotéis em Belo Horizonte é suficiente, de hoje até domingo, a capital sediará o Campeonato Sul-Americano de Clubes de Vôlei. Todas as seis delegações estão acomodadas em um único hotel, o Mercure, que tem cerca de 400 apartamentos. "A magnitude desse evento certamente é menor do que a da Copa, mas a verdade é que, se todos os hotéis previstos para 2014 fossem inaugurados hoje, a oferta seria maior do que a demanda
e teríamos muitos leitos vazios", diz Rafaela.
O diretor-presidente da rede Bristol Hotels, José Adalto Silva, diz que, sem investimento, vai ser muito difícil ocupar todos os hotéis previstos para Belo Horizonte. "Vai depender muito do mercado e de iniciativas para atrair o turismo. O principal é a inauguração de novos centros de convenções, mas se o Mineirão mantiver grandes shows, isso já ajudará muito", destaca.
De acordo com gerente geral do Ouro Minas, Pedro Varella, embora cada hotel concorra diretamente com empreendimentos da mesma categoria, qualquer novo produto inaugurado reflete no mercado. "Tudo que está sendo feito como a melhoria dos aeroportos e da infraestrutura de logística e transportes será bom para o turismo e para o cidadão. A grande expectativa é mensurar o legado que esses investimentos deixarão", avalia Varella.
No entanto, o mercado discorda. "Não temos confirmação de nenhuma nova inauguração até o evento", afirma a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Rafaela Fagundes.
O diretor-presidente da Bristol Hotels, José Adalto Silva, também tem dúvidas. "Acredito que diversos investimentos anunciados nem se viabilizem para a Copa do Mundo". A Bristol, por exemplo, anunciou cinco empreendimentos, sendo quatro em Belo Horizonte e um em Lagoa Santa, região metropolitana. Desses, um está entre os cinco já inaugurados. Dos outros quatro, três ficarão prontos até fevereiro de 2014 e um deve atrasar, mas Silva garante que até a Copa do Mundo estará concluído.
A Secretaria Municipal da Copa diz que a execução dos cronogramas é de responsabilidade dos próprios hotéis e que a prefeitura apenas acompanha o andamento das obras. Caso o prazo estabelecido não seja cumprido, será cobrada uma multa referente ao valor da área extra construída. Os hotéis ganharam incentivos para construir (Lei 9.952/2010), desde que entregassem até fevereiro de 2014. (QA)