Pesquisa revela que 80% dos empreendedores do estado alcançam até seis salários mínimos
06 de Junho de 2013
por: Zulmira Furbino
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Frederico Amorim investe parte do que ganha no próprio delivery |
“Formalizei a empresa em janeiro, mas já vendia os sanduíches há um ano. Fui aprimorando o negócio, fazendo fluxo de caixa e pensando nas estratégias de vendas”, diz. De acordo com ele, para começar, foi necessário adaptar a cozinha de sua própria casa às normas da Vigilância Sanitária, mas agora será necessário mudar de lá. “Estou regrando as retiradas. Tiro o suficiente para me manter e o restante aplico na empresa, no pagamento dos funcionários e na aquisição de maquinário”, explica.
A trajetória do jovem Frederico é semelhante à de milhões de empreendedores brasileiros. Estudo inédito realizado pelo consórcio Gem em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae), no estado de Minas Gerais, mostra que existe uma forte concentração de empreendedores iniciais (negócios existentes entre três e 42 meses) e estabelecidos (negócios com duração superior a 42 meses) com faixa de renda inferior a seis salários mínimos no estado.
“Mais de 80% desses empreendedores em Minas Gerais e 94% no Brasil alcançam rendimentos de no máximo seis salários mínimos”, observa Mariano Matos Macedo, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná, que integra a equipe do IBQP. Segundo o estudo, entre aqueles que são considerados empreendedores iniciais em Minas, 48% têm rendimento inferior a três mínimos. Entre os pequenos empresários com negócios mais maduros, esse percentual é de 46%. A pesquisa também mostra que 35% dos empreendedores iniciais possuem renda entre três e seis salários mínimos, e no caso dos estabelecidos esse percentual é de 39%.
“Ao contrário do que pode parecer, esses rendimentos não são tão pequenos se comparados com a média da renda dos ocupados no Brasil”, observa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio do trabalho principal das pessoas ocupadas em 2011 foi de R$ 1.311,56, o equivalente a 2,4 salários mínimos (em 2013).
Tecnologia é rara
O estudo aponta para o fato de que embora o Brasil e Minas Gerais tenham avançado em seu aparato institucional, oferecendo recursos e linhas específicas de financiamento voltadas para o apoio à adoção de novas tecnologias que levem à inovação de produtos ou serviços, a maioria dos empreendimentos iniciais ou estabelecidos pesquisados apresentam dificuldades ou pouco potencial nessa área. “Praticamente 100% dos empreendedores iniciais e estabelecidos afirmam que as tecnologias que utilizam têm mais de cinco anos de existência. Isso é um indicativo de que o empreendedor brasileiro não tem investido em novas tecnologias em seus negócios”, sustenta o estudo. Segundo Macedo, esse fato vem sendo um dos maiores desafios para os formuladores de políticas públicas de fomento à inovação.
A pesquisa também mostra que 29% da população ocupada do estado, ou 3,6 milhões de pessoas, é composta de empreendedores e que as mulheres têm participação superior à dos homens no grupo de empreendedores iniciais em Minas. No salto alto, elas respondem por 51% desse universo. Já entre os estabelecidos, 59% são homens e 41% mulheres.
Fonte: Estado de Minas