Pesquisa revela que 80% dos empreendedores do estado alcançam até seis salários mínimos

06 de Junho de 2013
por: Zulmira Furbino

 

Frederico Amorim investe parte do que ganha no próprio delivery (BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS)  
Frederico Amorim investe parte do que ganha no próprio delivery
Frederico Amorim tem 22 anos e já é dono do seu próprio negócio. Acorda todos os dias às 6h para começar a preparar os sanduíches e doces que serão vendidos pela empresa formalizada em janeiro, a Mix Lanches, segundo ele, o primeiro delivery de sanduíches naturais do Brasil. Por dia já são 150 sanduíches, sem contar com as palhas italianas, que deram início ao negócio. Os produtos são comercializados na própria comunidade onde ele mora, o Morro das Pedras, e nos corredores vizinhos mais movimentados, como as avenidas Barão Homem de Melo, Silva Lobo e Raja Gabaglia. Para entregá-los aos clientes, contratou um motoboy, que faz a rota nas empresas localizadas por ali no horário do lanche, mas também atende por tele-entrega. Com isso, pelo menos por enquanto, consegue rendimentos de R$ 1,2 mil ao mês. O que sobra do faturamento é reinvestido no próprio negócio.

“Formalizei a empresa em janeiro, mas já vendia os sanduíches há um ano. Fui aprimorando o negócio, fazendo fluxo de caixa e pensando nas estratégias de vendas”, diz. De acordo com ele, para começar, foi necessário adaptar a cozinha de sua própria casa às normas da Vigilância Sanitária, mas agora será necessário mudar de lá. “Estou regrando as retiradas. Tiro o suficiente para me manter e o restante aplico na empresa, no pagamento dos funcionários e na aquisição de maquinário”, explica.

A trajetória do jovem Frederico é semelhante à de milhões de empreendedores brasileiros. Estudo inédito realizado pelo consórcio Gem em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae), no estado de Minas Gerais, mostra que existe uma forte concentração de empreendedores iniciais (negócios existentes entre três e 42 meses) e estabelecidos (negócios com duração superior a 42 meses) com faixa de renda inferior a seis salários mínimos no estado.

“Mais de 80% desses empreendedores em Minas Gerais e 94% no Brasil alcançam rendimentos de no máximo seis salários mínimos”, observa Mariano Matos Macedo, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná, que integra a equipe do IBQP. Segundo o estudo, entre aqueles que são considerados empreendedores iniciais em Minas, 48% têm rendimento inferior a três mínimos. Entre os pequenos empresários com negócios mais maduros, esse percentual é de 46%. A pesquisa também mostra que 35% dos empreendedores iniciais possuem renda entre três e seis salários mínimos, e no caso dos estabelecidos esse percentual é de 39%.

“Ao contrário do que pode parecer, esses rendimentos não são tão pequenos se comparados com a média da renda dos ocupados no Brasil”, observa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio do trabalho principal das pessoas ocupadas em 2011 foi de R$ 1.311,56, o equivalente a 2,4 salários mínimos (em 2013).

Tecnologia é rara

O estudo aponta para o fato de que embora o Brasil e Minas Gerais tenham avançado em seu aparato institucional, oferecendo recursos e linhas específicas de financiamento voltadas para o apoio à adoção de novas tecnologias que levem à inovação de produtos ou serviços, a maioria dos empreendimentos iniciais ou estabelecidos pesquisados apresentam dificuldades ou pouco potencial nessa área. “Praticamente 100% dos empreendedores iniciais e estabelecidos afirmam que as tecnologias que utilizam têm mais de cinco anos de existência. Isso é um indicativo de que o empreendedor brasileiro não tem investido em novas tecnologias em seus negócios”, sustenta o estudo. Segundo Macedo, esse fato vem sendo um dos maiores desafios para os formuladores de políticas públicas de fomento à inovação.

A pesquisa também mostra que 29% da população ocupada do estado, ou 3,6 milhões de pessoas, é composta de empreendedores e que as mulheres têm participação superior à dos homens no grupo de empreendedores iniciais em Minas. No salto alto, elas respondem por 51% desse universo. Já entre os estabelecidos, 59% são homens e 41% mulheres.
 
 
Fonte: Estado de Minas

Avenida Amazonas, 491, sala 912, CEP: 30180-001, Belo Horizonte/MG - Telefone: (31) 3110-9224 | (31) 98334-8756