Brasil adapta-se a novo cenário externo sem interromper crescimento, diz BNDES
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, defendeu hoje (17) que a economia brasileira e a de parte da América Latina poderão se adaptar às mudanças na política monetária norte-americana sem interromper o crescimento. O BNDES sedia até amanhã o encontro Inovação e Mudança Estrutural na América Latina e no Caribe: Estratégias para um desenvolvimento regional inclusivo, com a presença de ministros de ciência e tecnologia de 20 países do continente e da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).
Coutinho defendeu, no entanto, que é preciso planejar para que as mudanças não se tornem ruptura para o crescimento: "Isso exige pensar estratégias, dentre elas a busca por maior inovação e a criação de uma base de exportações mais diversificada. E também a ampliação dos investimentos em infraestrutura, inclusive de integração dentro da América Latina, infraestrutura de energia e infraestrutura de logística, de maneira a tornar mais dinâmico o mercado de comércio e de investimento intralatino-americano", analisou.
O presidente do BNDES também afirmou que é preciso fazer uma avaliação cautelosa das mudanças, que classificou de gradualistas: "Eu vejo que há também um processo de superdramatização dessa perspectiva. O que estamos enfrentando é um processo muito mais gradualista e moderado do ajuste da política monetária americana, do que um abrupto e radical. Portanto, em toda a projeção, é preciso ter cautela e não fazer previsões drásticas a respeito dos mercados e do acesso aos mercados no futuro imediato".
"Esse processo gradualista permite uma adaptação, e o que tivemos até o momento de pressão sobre a taxa de câmbio foi bastante moderado e, portanto, perfeitamente administrável", disse ele, que enfatizou que, apesar do cenário não tão favorável, neste semestre as captações das empresas brasileiras no exterior com a oferta pública de ações devem atingir o valor recorde de 10,5 bilhões de dólares.
Durante sua fala, na abertura da reunião, Coutinho enumerou outros desafios da região, como a necessidade de ganhar mais competitividade e a de lidar com um crescimento demográfico mais lento, que afeta a oferta de mão de obra no mercado de trabalho e requer maior automatização da indústria.
O secretário executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luiz Antônio Elias destacou que a geração local de conhecimento é um exemplo dado pelos norte-americanos e que precisa ser seguido: "Se não se conseguir um resultado em torno dessa questão, teremos muitos problemas, teremos problemas de atraso e de especialidade em recursos naturais e de especialidade em mineração. A ideia é que a gente consiga dar um salto em qualidade, e esse salto é dado pela ciência, é dado pela capacidade de geração de conhecimento local".
Elias apontou a área de biotecnologia como uma das que mais têm a ganhar com a cooperação entre os países da América Latina: "Os países da região, especialmente os da Amazônia, só terão a ganhar se a gente fizer um intercâmbio forte na área da biodiversidade, e na área da saúde, usando toda aquela farmacologia existente, traduzida em benefício para a população".
A integração também foi defendida pelo diretor-geral do Conselho Nacional de Tecnologia do México, Enrique Cabrero, e pelo Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina, Lino Barañao, que participou por videoconferência, como o Ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil, Marco Antônio Raupp. Outro benefício da inovação tecnológica destacado pelos ministros foi a possibilidade de ajudar na inclusão social e no bem-estar social.
Fonte: Agência Brasil