Governo desonera o feijão para tentar controlar inflação
Com o objetivo ajudar a combater a inflação, o governo brasileiro decidiu reduzir de 10% para zero o Imposto de Importação do feijão. A medida foi divulgada, ontem, em um comunicado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O feijão-branco não está incluído na redução da alíquota de importação, somente o preto, mas consumido em grande pare do país.
A medida da Câmara de Comércio Exterior (Camex) é temporária, começou a valer desde ontem e tem validade até 30 de novembro, com a publicação da Resolução Camex n° 47/2013 no “Diário Oficial da União”.
Conforme o comunicado da Camex, a “redução da alíquota tem o objetivo de facilitar a compra externa, aumentar a oferta de feijão no mercado brasileiro e reduzir o preço do produto, já que houve queda da produção nacional e ainda não há perspectivas de aumento da oferta doméstica”. Com a oferta menor, o preço do feijão já subiu 23,39% em maio, frente ao mesmo mês do ano passado e assusta o governo, pois tem peso importante nos índices inflacionários. A escolha levou em conta “a urgência da adoção da medida de redução da alíquota para importação do feijão”, diz o comunicado do ministério.
Especialistas observam que a medida não tem impacto imediato e, logo, o consumidor deve continuar pagando caro pelo produto. “É a lei da oferta e da procura. E a oferta está baixa”, observa o professor de economia internacional da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Puc-Minas), Flávio Constantino.
Ele ressalta que, mesmo que haja incentivos para a produção nacional, é necessário tempo. “Não é como a indústria, que pode utilizar a hora extra, contratar mais para produzir mais. Produção agrícola depende de crédito, incentivos e do clima. Os ajustes levam tempo”, observa. O professor de economia da FGV/IBS, Raul Duarte, salienta que os contratos de exportação não são fechados da noite para o dia. “O governo está fazendo o possível neste momento”, diz.
De acordo com ele, a tendência, no momento, é de alta no preço do produto, assim como aconteceu com o tomate. (Com agências)
Clima seco e vazio sanitária fizeram safra encolher 18%
O culpado da alta no preço do feijão, segundo o coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, foi a quebra da safra, fruto do clima seco. “Em Minas Gerais, que é o segundo maior produtor do país, com cerca de 18% do total nacional, a primeira safra teve uma perda de 30%, o que significa 20 mil hectares de feijão”, diz.
Com o vazio sanitário, que suspende o plantio para evitar que a mosca branca espalhe e diminua ainda mais a plantação, a situação pode se complicar. “Hoje, haverá reunião na Secretaria de Agricultura, que vai tratar da questão”, diz. Vilela ressalta que o Brasil é o maior produtor e consumidor do produto. “Não temos muitos fornecedores. Há a Argentina e a China”, observa.
Fonte: O TEMPO